domingo, 22 de abril de 2007

WELCOME TO THE MACHINE



"A utopia abstracta seria demasiado facilmente compatível com as mais astutas tendências da sociedade. Que todos os homens sejam iguais é justamente o que a ela se ajusta. Considera ela as diferenças reais ou imaginárias como estigmas que testemunham que as coisas ainda não se levaram demasiado longe; que há algo subtraído à maquinaria, algo não inteiramente determinado pela totalidade. A técnica do campo de concentração acaba por fazer dos prisioneiros os seus guardas, dos assassinados os assassinos. A diferença racial leva-se ao absoluto, a fim de absolutamente se poder eliminar, o que aconteceria quando já nada restasse de diferente. Uma sociedade emancipada não seria, todavia, um estado uniforme, mas a realização do geral na conciliação das diferenças."

"Minima Moralia" (Theodor Adorno)


É certo que o papel de cada um o modifica, a ponto do que faz de carcereiro ser também, em certa medida, carcereiro de si próprio.

Mas se o inumano ficou artificialmente nivelado nos campos de concentração, por outro lado, exacerbaram-se as diferenças de poder, o qual, sem qualquer função social já, se tornou puramente mecânico.

"O que os Alemães fizeram esquiva-se à compreensão, sobretudo à psicológica, pois as atrocidades parecem de facto ter sido praticadas mais como medidas de terror cegamente planificadas e alienadas do que como satisfações espontâneas. Segundo os relatos de algumas testemunhas, sem prazer se torturava, sem prazer se assassinava, e justamente por isso para lá de toda a medida." (ibidem)

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