domingo, 8 de abril de 2007

A MALDIÇÃO DO PODER


Maio de 1968

"Os homens de Estado não têm nem nunca terão qualquer monopólio ou privilégio no discernimento do Verdadeiro, do Belo ou do Bom. Os governantes são, com efeito, não apenas homens como os outros, mas homens potencialmente piores, porque são susceptíveis de pecar mais gravemente, por possuírem um maior poder.

(...) é preciso controlá-los para os impedir de fazer o mal e, também, criar tais instituições que nenhum deles possa conseguir por si só demasiado poder."

"O que é o Ocidente?" (Philippe Nemo)


Nemo explica a matriz da democracia, que deduz do espírito bíblico, o qual "em sucessão, através da Revolução Papal e das revoluções calvinistas, realizou a dessacralização do Estado." (ibidem)

É muito interessante verificar como da discussão teológica sobre a graça divina e a liberdade do homem surgiram as modernas instituições e, também, paradoxalmente, o recuo do espírito religioso.

E a ideia de que todo o governo é suspeito da tentação de abusar dos seus poderes, tal como a entendia, por exemplo, o radicalismo político de um Émile Chartier, é uma consequência de pensarmos que o homem só é livre enquanto puder responder por aquilo que faz. O poder é uma diminuição da liberdade na medida em que as consequências do que fazemos ultrapassam em muito aquilo que podemos ver e conhecer.

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