terça-feira, 10 de abril de 2007

AINDA SOBRE "INLAND EMPIRE"




Eu concebo que as obras de arte consumadas sejam, como uma esfera, sem ponto de abordagem para a pertinência da palavra. Que se pode dizer sobre "A Ronda", ou "A Paixão segundo S. Mateus"?

Há qualquer coisa no cinema que o torne um caso diferente?

Por exemplo, pode-se contar uma história bem ou mal. Mas nalguns casos, a história existe para ser "des-contada". Haverá um critério senão o que resulta do conjunto da obra de um autor?

Não creio que se poda dizer de uma obra pessoal que é inepta.

Com "Inland Empire", Lynch fez o mais experimental dos seus filmes, e o menos pessoal também. Mas isto, claro, não posso demonstrá-lo.

Tal como hoje se concebe a obra de arte, a partir de uma certa altura, a fronteira entre a criação e a técnica, o simples jogo, esbate-se completamente e confrontamo-nos, então, com a ética.

Um artista que "randomizasse" os pixéis da "Mona Lisa" e obtivesse assim uma composição abstracta teria criado uma obra original?

Todo o experimentalismo é bem-vindo, mas há cada vez menos a capacidade de o pensar e avaliar.

Então, o supremo juiz é a sensibilidade de cada um.

"Inland Empire" é uma estridência dentro de uma obra apaixonante.

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