segunda-feira, 2 de abril de 2007

ACÇÃO E DESINTERESSE



"Se é o movimento que predomina na hora da morte, então o homem renasce no meio daqueles que estão presos à acção; se é a inércia que predomina, renasce no meio dos que estão privados de razão.

O fruto da acção boa é dito harmonioso e puro; na verdade, o fruto do movimento é a dor; e o fruto da inércia é a não-sageza."

"Quarto Diálogo da Bhagavad Gîtâ"

Neste poema, tão admirado por Simone Weil, a acção é melhor do que a inacção, mas traz com ela o sofrimento, se aquele que age se deixar prender pelo fruto da sua acção. É preciso que saiba ver "a inacção na acção e a acção na inacção".

É este o ensinamento de Krishna ao seu discípulo Arjuna, com vista a prepará-lo para o combate entre Kauravas e Pandavas pelos reinos da Índia, que se desenrola no campo dos Kuros, simbolizando o corpo e a alma humana.

O único fatalismo aqui é o que se segue ao abandono do dever de cada um (o seu dharma), na inércia que nos priva da razão.

Por outro lado, nada está escrito para o homem que segue o "caminho misterioso" da acção.

Como em outras grandes religiões, a inspiração divina é o verdadeiro guia.

Podíamos traduzir isto numa fórmula mais aceitável para os tempos de hoje:

O indivíduo, para pensar universalmente (isto é, para estar à altura do pensamento), tem de sair do seu egocentrismo e imaginar que é um sujeito, na ausência de toda a perspectiva, capaz de todos os pontos de vista.

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