quarta-feira, 25 de abril de 2007

A LEITURA NO ECRÃ


Friedrich Heinrich Füger, Marie-Madeleine

"O acto clássico de leitura, tal como o tentei definir no meu trabalho, requer possibilidades de silêncio, de intimidade, de cultura literária (literacy) e de concentração. Na falta de uma leitura séria, uma resposta aos livros que seja também responsabilidade é irrealista."

"Les logocrates" (George Steiner)


Apesar da conclusão de um estudo recente, estou convencido que a leitura no ecrã (com a tecnologia actual) não responde a nenhum daqueles critérios, à excepção da cultura literária, claro, mas que, neste caso, é uma disposição embargada.

Não conheço nenhum computador verdadeiramente silencioso, nem nenhum ecrã realmente "amigável", visto que o seu brilho cansa demasiado os olhos e impele a uma leitura apressada.

Quanto à concentração não pode ser a melhor com o ruído da ventoinha e a agressão visual.

Espero por isso o novo "salto tecnológico" destas maravilhosas máquinas, quando se resolver o problema do sobreaquecimento do material e os ecrãs forem tão inertes como uma folha de papel.

Mas evidentemente que me fiquei pelas condições técnicas da leitura electrónica.

Que dizer do acréscimo desesperante do ruído no nosso ambiente (Steiner fustiga, quanto a mim sem razão, o rock) e do défice na capacidade de concentração com que as crianças chegam à escola?

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