O Clube dos Jacobinos
"Os frades arrendaram o seu refeitório por duzentos francos, e por outros duzentos francos o mobiliário - mesas e cadeiras. Mais tarde, como o local não chegasse, o clube conseguiu que lhe emprestassem a biblioteca e por fim a igreja. As sepulturas dos antigos frades, a escola sepultada de São Tomás, os confrades de Jacques Clément, foram assim as mudas testemunhas e os confidentes das intrigas revolucionárias."
"História da Revolução Francesa" (Jules Michelet)
E assim os frades arranjaram lenha para se queimarem...
Sem doutrina, sem saberem muito bem o que queriam (no princípio eram todos monárquicos), vagamente inspirados pelo "génio da Antiguidade", de que "pelo menos sentem a austeridade moral" (contra o deboche aristocrático), "a força estóica, e nelas bebem a inspiração das devoções civis", os Jacobinos "não são a Revolução, são os olhos da Revolução, são os olhos para vigiar, a voz para acusar, o braço para bater." (ibidem)
Os Jacobinos sabiam só o que não queriam, mas sabiam-no como o estômago "sabe" o que lhe faz mal.
E foi preciso que o Antigo Regime tivesse sido "simplificado" até a um estilo, uma linguagem, uma mentalidade, quando todas as aparências de uma casta com violência contrastavam contra as ideias do século. Tudo "providencialmente" preparado pela separação suicida empreendida desde Luís XIV em Versalhes, que colocava, como no teatro, a corte opressora no centro do palco, debaixo da luz libertadora da filosofia, para que a decapitação do rei assumisse quase a forma de um silogismo da Razão.
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