segunda-feira, 29 de maio de 2006


(José Ames)

domingo, 28 de maio de 2006

MASSIFICAÇÃO


Bento XVI

(...) e que em suma tudo o que se julgar digno de ser conservado, tudo o que os fracos, os cobardes, os conservadores, os burgueses tentam manter - o Estado e a Família, a arte e a ciência profana - esteve sempre em oposição consciente ou inconsciente com a ideia religiosa, com a Igreja cuja tendência inicial e cujo fim invariável é a dissolução de todas as ordens temporais e a reorganização da Sociedade segundo o modelo do reino ideal e comunista de Deus."

"A Montanha mágica" (Thomas Mann)


Não posso deixar de confrontar esta réplica de Naphta, o maquiavélico disputador do Berghof, no romance de Thomas Mann, com as palavras de Bento XVI, ao reconhecer que a Igreja está frontalmente contra o espírito do nosso tempo.

Na verdade, como no princípio, tenderá a ser cada vez mais minoritária, mesmo se a Praça de S. Pedro regularmente se enche, se o alojamento em Roma rebenta pelas costuras e a comunicação menos do que nunca pode passar sem o acontecimento para-religioso.


Porto - Boavista (José Ames)

A LIBERDADE SCUT


"The People vs Larry Flint" (1996-Milos Forman)


A pornografia não é uma causa. Para Larry Flint é a continuação do "moonshining" da infância.

Dantes, vendia o álcool da destilaria clandestina para esgaravatar o seu dólar.

Adulto, descobre um outro tipo de sede e de interdito. A revista "Playboy" oferece-se-lhe como o anti-modelo.

O que interessa Forman é a evolução deste individualista selvagem, dum comportamento predatório e anti-social, passando por um desvario religioso, até à sua identificação com uma verdadeira causa americana: a da liberdade individual.

A decisão do Supremo Tribunal de Justiça de reconhecer-lhe o direito de defender o vício e de espalhar o mau gosto, de distorcer a verdade em nome duma tradição satírica, mais não faz do que confirmar a lei ideal do mercado.

sábado, 27 de maio de 2006


Traseiras (José Ames)

sexta-feira, 26 de maio de 2006


Porto - Fontainhas (José Ames)

quinta-feira, 25 de maio de 2006

TRÁGICOS



De todos os lados nos querem chamar à realidade.
Agarram-nos pelo braço e apontam a nuvem negra.

Não são aves agoirentas, não.
O que dizem faz todo o sentido. E quem nos avisa...

Há, todavia, um acinte e um certo contentamento no antecipar este fado.

Os nossos economistas tornam-se facilmente actores trágicos.

Por detrás da máscara do cast europeu e competente, a voz que se ouve é ainda a da "apagada e vil tristeza", do masoquismo e da maledicência.


"Acrópole" (José Ames)

quarta-feira, 24 de maio de 2006

O SANGUE ACRESCENTADO



O "Drácula" de Francis Ford Coppola (1992) é uma vertiginosa homenagem ao "Nosferatu" de Murnau.

A cena na floresta da carruagem que vem ao encontro do visitante, no meio duma alcateia de olhos fosforecentes, tem o mesmo ritmo alucinante do filme mudo, como se, no medo, a respiração fosse o principal.

O anjo que se revoltou contra Deus. Assim é a lenda do vampiro.

Mas como convém ao materialismo, o Diabo não quer saber da alma, mas do sangue, do soro da vida.


Génova (José Ames)

terça-feira, 23 de maio de 2006

KING KONG, DOIS EM UM


"King Kong" (2005-Peter Jackson)

Na história das adaptações de "King Kong" parece verificar-se uma lei: a de quanto mais moderno, pior.

Como se a versão de 1933, de Merian Cooper e Ernest Shoedsack, fosse o modelo inultrapassável de todas as que se seguiram.

E talvez isto tenha a ver com o facto de se julgar que o mito não se basta a si próprio e é preciso condimentá-lo com as últimas guloseimas da tecnologia.

Na primeira versão, não havia tanta psicologia simiesca, nem uma lógica de dois em um nos efeitos especiais. Temos a história clássica mais o parque jurássico da computorização avançada.

E por isso são os meios que realmente fazem o filme.


"Arca Doce" (José Ames)

A MULHER ANTES DE EVA


"Lilith" (1964-Robert Rossen)

Vincent (Warren Beatty) é um rapaz saudável sem ocupação, que quer ajudar os outros e por isso se emprega numa instituição para doentes mentais.

Mas encontra a malícia da figura não canónica da mulher, a que, segundo a tradição cabalística, não saiu da costela de Adão, mas era a sua verdadeira metade, metade que nunca quis submeter-se e por isso se aliou às forças demoníacas.

Lilith (Jean Seberg) é amoral e sexualmente polimorfa, como as crianças perversas.

É nessa miragem feminina que o ingénuo vigilante se deixa capturar, envolvendo-se com a doente e acabando por perder a razão. A última imagem é o seu pedido de auxílio, perante o olhar friamente "objectivo" dos superiores.

Na teoria do médico-chefe, estes doentes são, de certo modo, os mais dotados. A sua inteligência e a sua sensibilidade permitem-lhes uma experiência que não está ao alcance das pessoas normais.

Mas tal como a aranha "esquizofrénica" que vemos no filme, eles constroem uma teia que não serve para se alimentarem.

segunda-feira, 22 de maio de 2006


Eirinhas-Porto (José Ames)

IDEIAS SEM RITMO


"O Novo Mundo" (2005-Terence Malick)


O cinema de Terence Malick é-me simpático. Gostei sobretudo de "A Barreira Invisível" (2000) e da sua escuta dum subtexto musical por detrás do som e da fúria da guerra.

Em "O Novo Mundo", foi o corpo que, em primeiro lugar, protestou contra os longos marasmos do filme e o seu descompasso.

Não é, claro, a lentidão que está em causa, mas um tempo que não se resolve, que parece perdido, a ponto da ideia dum novo mundo que devesse mais ao tempo do que à geografia ter sido indevidamente acolhida pela impaciência.

sexta-feira, 19 de maio de 2006


Porto (José Ames)

O ESPÍRITO DA TÉCNICA

"The Empire strikes back" (1980-Irvin Kershner)



A cabeça-elmo de Lorde Vader exerce um fascínio poderoso na cartaz. A sua forma trapezoidal tem a nitidez dum símbolo antigo, onde a eterna busca de certezas repousa um momento. A personagem é o anjo caído. No caminho da perfeição, Lorde Vader ficou a meio. A facilidade, como diz o guru dos pântanos, conquistou-o irremediavelmente, e todo o seu poder iniciático se muda em ressentimento. Aquele que se afastou da senda comum, e não tem forças para chegar ao Bem, constitui-se ele próprio em princípio de perfeição. E para isso tem de se opor, numa luta de morte, ao pai espiritual. É essa a condição para ser reconhecido. A trindade relegou este conflito para a ordem inferior das milícias, e desse modo realça a supremacia absoluta do Espírito. O anjo rebelde é uma criatura do erro e da impulsão para baixo que é o estado natural.

O diálogo entre o lorde infernal e Skywalker é a tentação no deserto. Mutilado, pendente da estrutura, o perfeito cavaleiro é amparado pela nave da liberdade, numa nova versão da descida da cruz. Os momentos fortes, em que uma estranha poesia parece contrariar as leis do género, relevam da história sagrada. E é este reconhecimento das formas para lá do disfarce da ficção científica que nos dá prazer.

Teremos nós entrado já numa cultura pós-escrita e este regresso em força dos mitos e dos deuses é o novo pensamento do mundo? Computadores, andróides, humanóides – com voz sem sexo, como se compreende – animalóides peritos em electrónica, humanos destinados à guerra das estrelas como os heróis de Homero, tudo se liga para fazer deste milagre da tecnologia o novo espírito religioso.

quinta-feira, 18 de maio de 2006

CONFEITARIA

O velho que entrou na confeitaria, amparado, quando ficou sozinho, encostou a bengala e puxou dum beatífico cigarro.

Quando os prazeres se reduzem a este ponto e o próprio mal que nos fazemos é um desafio tão necessário à vida, sinto que respirar esse fumo é caridade.


José Ames

O SILÊNCIO E UMA CABANA


A cabana de Heidegger


Sempre que surge uma nova tradução de Heidegger, a polémica reacende-se.

O filósofo, retirado, com a sua mulher Elfrid, numa cabana de seis por sete metros na Floresta Negra, não facilitou de nenhum modo a tarefa aos que hoje sentem a necessidade de o defenderem.

Desde o momento da sua adesão ao partido nacional-socialista, no qual chegou a ver o órgão da renovação do povo alemão, apesar de rapidamente ter perdido as ilusões e se ter demitido do reitorado, nunca deixou de pagar as suas quotas, até ao final da guerra. Para além disso, há o testemunho, na correspondência, do seu anti-semitismo e de não ter defendido Husserl, o mestre perseguido.

De facto, Heidegger nunca se retratou formalmente. A "maior tolice da sua vida", imperdoável perante os homens, mesmo se, nas suas palavras, se "julga o princípio do nacional-socialismo, a partir do seu fim", depois da tragédia consumada, talvez que ele só pudesse lidar com ela através do silêncio e da maturação da obra.

quarta-feira, 17 de maio de 2006


Génova (José Ames)

terça-feira, 16 de maio de 2006

HÉRCULES CANCEROSO


A dimensão, a audácia deste contra-ataque do chamado crime organizado, em S. Paulo, Brasil.

No país da ainda maior floresta virgem, da miscigenação feliz, da euforia carnavalesca.

Como um Hércules canceroso, mas com a longevidade garantida.

domingo, 14 de maio de 2006


José Ames

sábado, 13 de maio de 2006

O EVANGELHO DOS MEDIA

A Conversão no Caminho de Damasco (Caravaggio)


O que pode levar à conversão dum homem? É preciso, sem dúvida, começar por o distrair da sua paixão principal.

A teoria da paixão que devora outra tem ainda aplicação numa cultura que pretende policiar através do prazer, precisamente sem paixão? Nenhuma atitude hoje pode fugir à moda e a um código que lhe retira todo o valor subversivo. A paixão vive-se como uma espécie de zelo social, quando o corpo pode aspirar a uma libertação programada. Esta sociedade é intrinsecamente amoral. Nela só existe a conotação da moralidade.

Julgámos achar a liberdade ao desculpabilizar o corpo e a sensualidade. Parecia-nos que ao espírito moderno, à era triunfal da ciência que é a nossa, dissipar a nuvem metafísica a golpes de positivismo cientista era ocupar o lugar de Deus e abater as barreiras da sexualidade, que era aumentar o poder do homem sobre a natureza. Pois bem, a religião da escravatura está aí de volta, a anunciar a revolução do espírito.

À medida em que se trabalha para a libertação do trabalho, é a nova cultura americana que ganha as almas. A autoridade parental e os temas da colonização infantil convertem-se por sua vez no álibi ou no instrumento da infantilização dos adultos. É falso que os adolescentes amadureçam mais cedo, ou que as crianças sejam mais precoces: isso é apenas o efeito aparente da perda de identidade dos pais.

Como chegar então ao coração do homem para mudar o mundo? A conversão está à vista de todos. Mas não é voluntária. Os media têm a vantagem sobre os profetas de não forçarem o espírito e de desposarem o ritmo da vida sob a aparência dum livre arbítrio humano.

Além disso, podem dar-se ao luxo de esperar a actualização do pensamento.

sexta-feira, 12 de maio de 2006

O CAMINHO DOS PIRINÉUS



Em "J'embrasse pas", de André Techiné (1991), é a porção de neve da aldeia natal, nos Pirinéus, que parece guiar o jovem Pierre no fracasso do seu sonho de vir a ser actor e nos subterrâneos infernais da prostituição.

A demonstração, pírrica, que também ele, na grande metrópole, pode "faire chier les autres", depois do seu encontro com "Laisse tomber", a prostituta interpretada por Emmanuelle Béart, parece-se demasiado com a auto-destruição.

A última imagem é a dum banho redentor no oceano.

Em "Não dou beijos", há a diferença entre a rendição e o segredo.


Antequera (José Ames)

A GAIVOTA



"Trigorin - Se tu quisesses podias ser extraordinária. Ah, o amor de uma rapariga assim, tão encantadora, poética, e que me transporta para o reino dos sonhos - só um amor como este, e mais nenhum, pode trazer a alegria na terra! Eu nunca tinha experimentado este amor...

Quando era novo, não tive tempo para ele. Andava a bater à porta de editoras, num frenesi, para poder viver... E agora esse amor veio, veio finalmente, e arrasta-me para ela...

Para que serve tentar fugir-lhe?

Arkadina - (Furiosa) Perdeste o juízo?"

"A Gaivota" (Anton Tchekov)


Não podendo ver a peça, em Lisboa, por o espectáculo estar esgotado, consolo-me a relê-la.

É este homem, fraco de mais para fazer esta proposta absurda e infantil à amante e com quem o autor tão visivelmente se identifica, o homem que, nas suas palavras, passa, olha a rapariga que vive feliz e livre como uma gaivota junto ao lago, e como não tem mais nada que fazer, destrói-a.

E não se pode desprezar Trigorin, nem sentir que devesse ser perseguido por outra justiça que não a da sua própria vida.

Ninguém pode ser julgado. O mesmo olhar piedoso, embora não indulgente, envolve todas as criaturas. E se o amor é uma ferida incurável e o amante infeliz se suicida, só nos chega disso um eco entre os sons da noite.

Na "Gaivota", todos falham necessariamente.

Nunca o teatro nos deu uma tal sensação de exílio da alma.

quinta-feira, 11 de maio de 2006

O MUNDO NOVO A SÉRIO


Génova (José Ames)

Em Génova existe uma parede coberta de hera que teria feito parte da casa de Cristovão Colombo.

Os genoveses sorriem quando se fala dessa lenda. Parece que o homem que descobriu o Novo Mundo teria nascido numa aldeia vizinha.

Com as suas ruas de belíssimos palácios, os seus terraços, a vista sobre o porto, Génova não precisava de usurpar um título que tantos disputam.

Uma simples diferença de latitude, e Colombo poderia dormir descansado como o nosso Cabral, nascido em Belmonte, Beira Baixa, rigorosamente.


Areinho (José Ames)

quarta-feira, 3 de maio de 2006


Porto (José Ames)

APOLOGIA DO ICTIOSSÁURIO

John Cowper Powys (1872/1963)


Para John Cowper Powys (JCP), só há dois modos de vida que valem a pena: o da santidade e a síntese do sub-humano e do super-humano, que é uma espécie de sensualismo místico. O santo deve sacrificar todo o prazer egoísta, toda a sensualidade, para aliviar o sofrimento dos outros. Para o ictiossáurio, a felicidade é o único fim da vida individual. Mas enquanto o amor da santidade é triste e forçado, chamando a si toda a responsabilidade do mal – o que não faz Deus, segundo JCP, o amor de si e a felicidade possuem a graça e a verdadeira generosidade. Em Deus, como causa primeira, tem origem todo o bem e todo o mal. Devemos pensar só no primeiro e esquecer completamente o segundo. E o mal está em nós também. É violência e crueldade. Por isso, embora a palavra repugne ao autor da “Apologia dos sentidos”, é necessária a virtude e o domínio das paixões para atingir a perfeição interior. É uma vontade soberana que afasta o prolongamento do mecanismo social no espírito humano. Que supera a tendência para a brutalidade e os prazeres superficiais e frenéticos. Temos em nós, qualquer pessoa tem em si o poder de se subtrair à cadeia dos acontecimentos exteriores e ao torvelinho do quotidiano. Os instantes de contemplação da vida anterior vegetal e animal e de premonição da vida divina são o verdadeiro objectivo da existência.

Todos os seres têm a sua perfeição. E como todos eles aproveitam a réstia de sol e o momento da saúde! Para JCP apenas os insectos lembram a multidão dos homens tristes e as suas paixões gregárias. Se não tivéssemos a linguagem e o pensamento seríamos menos perfeitos? De modo nenhum. A árvore na sua impassibilidade é força e espírito. De resto, a verdadeira sabedoria ensina-nos que é preciso perder a vida para a salvar. O sábio despoja-se dos frutos da inteligência e dos vãos poderes da razão humana para ascender à perfeição dos simples e viver na luz divina.

Por que havia então o homem de dedicar a sua vida ao altruísmo? Na verdade, o altruísmo é um erro humano, um erro da vaidade, e não vale mais do que o egoísmo. Mas o ictiossáurio, de costas na lama, presta homenagem ao santo. Porque é nobre e forte como raros homens podem ser. A sua virtude é difícil. Não sabe como chegar ao coração dos homens, se não gozar no seu próprio coração a indizível felicidade do bem.

JCP vai ao exagero de dizer que quem escolhe o bem dos outros não pode ter paz, porque no mesmo instante em que enche os pulmões para ganhar força, milhares de actos de violência simultâneos têm lugar, uma infinidade de dor e de miséria. Quem pode, de facto, escolher apenas o bem dos que cruzam o seu caminho? Se descansasse entre duas obras de caridade, se aceitasse a bênção do sol à beira do caminho, se comesse com gosto o alimento mais pobre, deveria sentir-se em falta para com o seu ideal. Mas não é essa a lição da Natureza. Os poetas não vivem assim, nem os verdadeiros santos. A tradição elevou à santidade homens que se retiraram do mundo para, despojados de todas as riquezas e de todos os ornamentos, adorar a divindade numa caverna.

A lógica do altruísmo leva a uma vida inteiramente dependente duma causa exterior, neste caso, a infelicidade dos outros. O altruísta não saberia viver numa comunidade sem problemas. Se em toda a terra os homens aprendessem o caminho da perfeição e o segredo da felicidade, ele viveria para causar a tristeza no meio deles.

Ora a tristeza é uma imperfeição do ser, como diz Spinoza. E a virtude, longe de ser a causa da felicidade é o seu fruto maravilhoso. Porque, como há-de amar o próximo e fazê-lo viver, quem se mortificar, e em si mesmo desprezar as forças da vida? A via da santidade encontra de algum modo a trajectória da perfeição individual e a vontade de viver a felicidade.

Se pensarmos bem a natureza, o cosmos onde gravita a nossa alma, a própria divindade, só são perfeitamente compreensíveis quando assumem a forma humana. Todos esses nomes poéticos são metáforas da única realidade a que temos acesso. A máscara de Zeus é por isso mais próxima da verdade que o conceito filosófico do século dezoito ou dezanove. E então, o êxtase místico e sensual que inspira a John Cowper Powys a contemplação dos símbolos dessa religião rousseauista deve ser ainda mais pleno e atingir maior significado quando é o homem concreto, nosso semelhante, que se contempla. E quanto mais difícil o labor da vontade para vencer a paixão da “mimesis” e a imaginação dos signos arbitrários! Mas não é o homem, realidade última e única religião do niilismo moderno. É o sobrenatural do quotidiano, o mistério profundo do que nos é familiar.

terça-feira, 2 de maio de 2006

CONTRADIÇÕES ASTROLÓGICAS



Um artigo do "L'Express" chama a nossa atenção para o fenómeno do esoterismo.

Antes do livro de Dan Brown, já havia entre nós uma voga astrológica que é o equivalente, noutro estrato social, da superstição popular.

Como sintoma, é interessantíssimo, está bom de ver.

No inquérito realizado em França, mesmo nos cartesianos se encontra uma cada vez maior tolerância para o irracional.

Mas, afinal, Newton, talvez o maior cientista dos tempos modernos, ao mesmo tempo que estabelecia as leis da gravitação universal, não se entregava, apaixonadamente, a experiências de alquimia?


José Ames