A cabana de Heidegger
Sempre que surge uma nova tradução de Heidegger, a polémica reacende-se.
O filósofo, retirado, com a sua mulher Elfrid, numa cabana de seis por sete metros na Floresta Negra, não facilitou de nenhum modo a tarefa aos que hoje sentem a necessidade de o defenderem.
Desde o momento da sua adesão ao partido nacional-socialista, no qual chegou a ver o órgão da renovação do povo alemão, apesar de rapidamente ter perdido as ilusões e se ter demitido do reitorado, nunca deixou de pagar as suas quotas, até ao final da guerra. Para além disso, há o testemunho, na correspondência, do seu anti-semitismo e de não ter defendido Husserl, o mestre perseguido.
De facto, Heidegger nunca se retratou formalmente. A "maior tolice da sua vida", imperdoável perante os homens, mesmo se, nas suas palavras, se "julga o princípio do nacional-socialismo, a partir do seu fim", depois da tragédia consumada, talvez que ele só pudesse lidar com ela através do silêncio e da maturação da obra.
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