sábado, 30 de junho de 2012

Arrábida (José Ames)

CHAPELADAS

Blaise Pascal (1623/1662)


"Por isso existem especialistas, mas não autoridades, facto que ainda não se encontra suficientemente estabelecido."


(Karl Popper)


Um título é alguma coisa,  e nós, portugueses, somos dados a acrescentar autoridade a qualquer título. Por que é que um dos nossos mais prolíficos romancistas queria tanto ser barão?

Um título "participa" do poder supremo, como Luís XIV de França queria que, da sua pessoa, como do vértice da pirâmide, descessem todas as formas de autoridade.

Quase quarenta anos depois da queda do nosso "déspota iluminado", novos e velhos títulos continuam a aspirar a uma autoridade de empréstimo daquele "vértice" vazio.

A realidade económica é que não se compadece com a nossa "décalage", subvertendo o sentido dos títulos. O jovem médico que recebo em casa, por causa duma gripe, é provavelmente "explorado" pelos seus patrões, pertençam eles ao público ou ao privado. E a deferência com que o trato é, talvez, um hábito que está a cair em desuso. Ele é apenas mais um especialista em regime precário.

Sinto que a minha "chapelada" nem sequer se justifica pelos novos costumes, o que era uma razão suficiente aos olhos de Pascal, mas que agora é um simples atavismo.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

(José Ames)

UMA INGLESA EM FLORENÇA

rippleeffects.wordpress.com


"Confesso que em Itália as minhas simpatias não vão para os meus compatriotas. São os negligenciados italianos que me atraem e  cujas vidas eu vou pintar tanto quanto me for possível. Porque eu repito e insisto, como sempre fortemente o tenho feito, que uma tragédia como a de ontem não é menos trágica por ter acontecido numa vida humilde."

(Miss Lavish in "Room with a view" de E.M. Forster)



O sentimento da superioridade da sua própria "raça" transpira por todos os poros na distinta novelista inglesa em busca dum novo tema em Florença.

É, também, o fruto duma certa cultura que só mostrava, no palco dos teatros, personagens históricas ou mitológicas, as únicas que se podiam envolver nos grandes sentimentos e nos mais nobres desígnios. Esse "huis-clos" era, sem dúvida, fundamental para manter intocáveis as convicções aristocráticas.

Por muito que fira o sentimento democrático, não me parece que o sistema de classes possa ser julgado, em todas as épocas, com as ideias de hoje. No fim de contas,  até Marx admitia que a burguesia teve o seu tempo de "redenção" ( quando ainda não se opunha à "marcha da História").

Os preconceitos de classe são tão "naturais" como os da raça e, da mesma forma, "inevitáveis", se os bebemos "com o leite materno". Claro que muitos fazem o esforço necessário, mas esse esforço é a melhor prova de que o preconceito lhe preexiste.

Veja-se o artigo no Público de hoje:

"'Há uma grande componente cultural que molda os estereótipos e os preconceitos que os cidadãos têm sobre certos grupos étnicos. Nos Estados Unidos, os indivíduos são expostos a associações negativas entre alguns grupos étnicos e actos de agressão e intimidação. Esta exposição, ao longo do tempo, infiltra-se nas associações que as pessoas fazem, mesmo que, a nível pessoal, um indivíduo não acredite nesse estereótipo”, disse ao PÚBLICO uma das autoras do artigo, Jennifer Kubota, do Departamento de Psicologia da Universidade de Nova Iorque."

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Caltagirone (José Ames)

quarta-feira, 27 de junho de 2012

(José Ames)

O SILÊNCIO DO MAR



Jean-Pierre Melville realizou, em 1949, "Le silence de la mer", filme inspirado no romance homónimo de Vercors que foi publicado, clandestinamente, durante a ocupação alemã.

Conta a história do "bom alemão", um oficial alojado numa casa da província, habitada por um velho senhor que lê e fuma cachimbo o tempo todo, enquanto a sua sobrinha faz 'tricot'. Ficou tacitamente estabelecido entre ambos que a sua vida não seria perturbada, no mínimo que fosse, pela presença desse representante do "inimigo". Mas Werner Von Ebrennac - é esse o nome do oficial - é um admirador entusiástico da cultura francesa e espera que da vitória alemã possa ainda resultar um grande casamento ( simbolizada na sua própria união com a sua lacónica anfitriã) entre os dois povos, com a França, naturalmente, morigerando a "húbris" alemã. Este idílio é, no final, ridicularizado pelos colegas de Werner Von Ebrennac que se comportam com a expectável arrogância dos vencedores, "abrindo-lhe os olhos" e  levando-o a pedir a transferência para a frente.

O mais curioso da história é o 'partis pris' do tio e da sobrinha de conservarem o silêncio absoluto durante os arroubos pacifistas e "matrimoniais" do alemão. Embora tudo o que ele dissesse fosse por de mais lisongeiro para a França ( ao ponto de pensarmos numa nova forma de "psicologia" militar ), o velho e a jovem continuam impávidos prosseguindo com as puxadas do cachimbo e o ponto cruz. Só a voz do narrador (o velho senhor) nos adverte para o interesse apaixonado, de um e de outra, por essas sessões, quando o oficial desce do seu quarto e fala sozinho ou arregimenta Bach (o 8º Prelúdio) para os seus fins de sedução.

É difícil de compreender que a sinceridade (que não estava em causa) e a ingenuidade encontrassem aquele silêncio (cheio de dúvidas, embora), mas não é a alusão ao mar, o sinal de que, na extremidade, até a chamada "liberdade interior" é afectada e que a posição do vencedor em nenhum lado abre o espaço para o diálogo?

Se pensarmos nas condições em que foi publicado o romance de Vercors, percebemos que nem os nazis fizeram a ofensa de considerar os franceses tão ingénuos, censurando, normalmente, o livro pelos eventuais danos à sua convicção guerreira.
 

terça-feira, 26 de junho de 2012

Albuquerque (José Ames)

DESMESURA

blogs.independent.co.uk


"É mais prioritário extinguir a desmesura do que o incêndio."

(Heráclito)


Mas já há muito vivemos fora duma medida reconhecida que imporia uma sociedade disciplinar.

A liberdade individual, como ideologia, decorre mais dos novos mecanismos de controlo do que do espírito da democracia.

A "desmesura" é então, agora, descontrolo, o que é bem diferente do que o filósofo de Éfeso queria dizer.

A crise do 'subprime' nos EUA é uma consequência da ideologia da 'desregulação' económica que, na cabeça dos seus fautores significava menos uma perda do controlo do que melhor e mais eficaz controlo por uma instância não política, não ideológica (mas, sem dúvida uma instância religiosa, ao referir-se ao modelo da Providência) representada pelo mercado.

Donde, se possa dizer que  o clamoroso fracasso dessa teoria se ficou a dever a um défice da política e da democracia americanas, 'compensado' pelo investimento na irracionalidade dos 'rallies' para-religiosos.

A "desmesura" de Heráclito parece uma coisa tão perigosa, na verdade, uma questão de vida e de morte, que as repetidas crises do "Sistema" se parecem com a síndrome de Liliputh, como diria José Gil.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

(José Ames)

PROFECIAS


"(...) o futuro nunca é um prolongamento do passado nem uma sua extrapolação."

(Karl Popper)


Mas a que se dedicariam, então, os vários 'especialistas' em fazer previsões para o futuro? A única previsão que devia ser tolerada é a que se fundamenta na experiência do 'homo sapiens': a de que, a prazo,  estaremos todos mortos, como dizia Keynes.

O súbito desemprego de tanta gente competente em traçar 'cenários' e em desempenhar o papel de Cassandras da economia lançar-nos-ia em plena desorientação.

A mais recente invenção do "sistema" (por higiene mental, devemos abster-nos de o qualificar, ou só o deveremos fazer quando se produzir uma alternativa, nem que seja utópica) é a de tentar antecipar esse futuro que não pode ser "um prolongamento do passado", nem "uma extrapolação", como "profecia auto-realizante", através da avaliação. Não se pode prever o futuro, nem é sério apresentar 'cenários' com base em alguns parâmetros pretensamente controlados.

Diz Jean-Claude Milner (citado por António Guerreiro) que "os avaliadores são os sofistas do nosso tempo; que a sofística da avaliação resolve sumariamente a questão dos critérios e da legitimidade dos avaliadores."

No caso das agências de 'rating', até se tem verificado que essa questão dos critérios e da legitimidade não é relevante. Os avaliadores podem ter um interesse mais do que conspícuo na avaliação, nem serem sancionados pelos erros mais clamorosos. A sua influência não é perturbada por isso. E só pode haver uma razão para este funcionamento "paranóico": é que a avaliação é uma peça fundamental da especulação financeira. Não havendo concorrência (europeia, por exemplo), até se pode dar ao luxo de não precisar de ser 'credível'.

domingo, 24 de junho de 2012

Madrid (José Ames)

A HIDRA DOS MIL ÉCRÃS


Hércules e a hidra de Lerna




“Clementine e Leon eram vítimas do preconceito que queria que eles dependessem um do outro pelas suas paixões, os seus caracteres, os seus destinos e as suas acções. Na realidade, em mais de metade, a existência é feita naturalmente não de acções, mas de dissertações, das quais se assimila o ponto de vista, opiniões e contra-opiniões correspondentes, enfim, do amontoado impessoal de tudo o que se sabe que se ouviu.”
 
(Robert Musil – “O homem sem qualidades”) 




Como parece longe este pensamento de Musil do diagnóstico que as pessoas (os casais) fazem da sua infelicidade!

Em vez disso, pensarão que são as suas paixões e o carácter o nó do problema, e que mesmo se se considerar que os homens agem muito menos do que aquilo que julgam (antes reagem ou são coagidos), nunca ao sedimento das opiniões é dada uma importância tão grande.

Mas, olhando bem, se o amor não pode alhear-se do mundo por muito tempo, ele têm de respirar o ar do caos e da confusão das ideias que pairam à nossa volta, e daí não podem receber nenhuma consolidação dos alicerces.

Eros era suprido pela crença na tradição. Mas hoje apenas a Opinião, espécie de hidra dos mil écrãs parece suceder-lhe.

sábado, 23 de junho de 2012

(José Ames)

A TOMADA DO PODER

"La prise du pouvoir par Louis XIV"


"La prise du pouvoir par Louis XIV" (1966, Roberto Rossellini) é uma bela tese sobre o poder. Na sua forma abrupta, faz lembrar os relatos da antropologia sobre os chefes tribais "condenados" a engordar na sua cadeira.

Louis, aos 22 anos, quando morre Mazzarino (o seu "único amigo"), rapidamente larga a sua pele de jovem libertino ( o intendente, inimigo de Colbert, e o homem mais rico do reino, com pretensões a suceder ao cardeal, não acreditava na metamorfose), para se tornar na incarnação do Estado. A frase que lhe é atribuída ("L'État c'est moi") é, de facto, a legenda desta história de 'tomada do poder'.

A Fronda é o fantasma sempre presente da divisão do poder e da fraqueza do Estado. Depois de mandar D'Artagnan prender o intendente Fouquet à saída do conselho reunido em Nantes (a sua província), Louis dedica-se a "castrar" financeiramente a nobreza de França, transferindo a corte para Versalhes e ali alojando, a expensas do Estado, cerca de 13000 cortesãos. Além disso, como um novo Petrónio, árbitro da moda, impõe o uso das vestimentas mais caras e mais espalhatosas. Como confidencia a Colbert, um fato como esses facilmente custará o rendimento de um ano a muitos nobres.

Mas o homem que se lançou nessa revolução dos costumes, "para glória da França" é, na verdade um pobre prisioneiro. Muito mais do que os seus antecessores que não tinham direito a qualquer privacidade, tal como hoje a entendemos, o seu papel de Sol metafórico (cada súbdito devia retirar do poder absoluto do rei a sua parte de prestígio), impunha-lhe uma ditadura de formalismos tão arrevesados como a de refeições de 14 pratos para uma plateia devota (não admira que tivesse acabado nas mãos dos médicos) ou o trouxão de laços e rendas e a respectiva peruca com que estabelecia o "padrão-ouro" da lisonja.

É no fim que percebemos que esse títere duma ideia do poder absoluto anseia por se libertar da falsa cabeleira e do peso da sua personagem política para voltar a ser homem um momento, como um molusco saído da casca para apanhar um escasso raio de sol.

E o que convém a essa alma, senão um pensamento sobre a superioridade, para além de todas as diferenças do berço ou de quaisquer outras, sobre uma grandeza a que só muito poucos podem aspirar?

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Gloucester (José Ames)

DE MANHÃ TEMENDO...


"Apesar dos seus receios, ele não a achou feia por nada deste mundo."

"O Homem Sem Qualidades" (Robert Musil)




Assim começa também o "Barco Negro" de David Mourão-Ferreira: "De manhã temendo que me achasses feia (...)"

Alí, é um pensamento de Clarisse que, tal como uma pitonisa, está aberta às correntes de ar do invisível. Nesse estado, o amor de Walter não tem nenhum privilégio. Mas ao regressar à terra, ou ao "acordar deitada na areia" que, no poeta, poderia fazer pensar na 'tristeza post coitum', há um momento de insegurança.

Porque se há um regresso, se há um reencontro, não importa a duração. Pode-se voltar duma viagem à Lua, de uma "comissão no Ultramar" ou da experiência do Nirvana, o tempo é um intruso, o tempo faz outro triângulo amoroso, que torna tudo instável.

Por que é que Clarisse quer conservar a "graça" se apenas seguiu o seu destino? Porque sempre haveremos de desejar o inconciliável. Mas Walter está apaixonado.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

(José Ames)

O MATA-BORRÃO


"O meu pensamento tem uma relação com a teologia como a dum mata-borrão com a tinta. Está saturado de tinta. Contudo, se fôssemos pelo mata-borrão, nada do que foi escrito permaneceria."

(Walter Benjamin)



A censura ( a da ética ou a da polícia ) é um tal "mata-borrão", tendencialmente contra a própria escrita.

A mudança em nós actua também da mesma maneira. Cada pensamento deitado no "papel" é uma repetição da história de Niobe que se gabava dos seus sete filhos e sete filhas diante de Leto, a mãe de Apolo e Artemisa, e que  viu tombar toda a sua prole sob as setas dos Letoides. O olhar que relê é impiedoso como o dos gémeos e insaciável como o mata-borrão.

Por isso,  a maioria dos autores esquece a "tinta" já gasta para poder continuar a escrever.

A confissão de Benjamin equivale a dizer que nada do que se pode dizer da teologia é "pertinente". E tudo o que já se disse sobre ela faz uma grande clareira, ou um grande jardim, cercado de altos muros, no meio do qual está o vazio. Como o palácio do imperador no centro de Tóquio (Barthes).

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Matosinhos (José Ames)

DOGMA E INCERTEZA

Karl Popper


“Tive, pois, de suprimir o saber para encontrar lugar para a crença; e o dogmatismo da metafísica, ou seja, o preconceito de nela se progredir, sem crítica da razão pura, é a verdadeira fonte de toda a moralidade e é sempre muito dogmática...”

(Kant)



Karl Popper diz que, na ciência, não há conhecimento, mas conjectura (ou conhecimento conjectural). Essa afirmação, como se vê, é contrária ao que pensava Kant. O filósofo de Koenigsberg ainda sustentava um saber "certo", apesar de ter sido contemporâneo dum fenómeno social que abalou todas as certezas: a Revolução Francesa.

A certeza talvez só se possa salvar na matemática, mas aí já não estamos a falar da Natureza, nem das ciências naturais.

É, precisamente, porque não podemos ter a certeza sobre o que sabemos sobre a Natureza que a crença é uma condição 'sine qua non'. O contrário disso, isto é, a certeza,  tornar-nos-ia supérfluos, porque o conhecimento seria, por assim dizer, autónomo, o que não faz sentido.

Mas este é o fundo da ideia cartesiana. Depois de nos despojarmos de todos os preconceitos (como se isso fosse possível), chegaríamos à evidência. Mas o que é evidente não é, só por isso, real. Digamos que Descartes descobriu no acordo dos espíritos o ponto de partida para o conhecimento, o que é, desde logo, muito moderno.

Esse ponto de partida, donde se podem extrair todas as consequências lógicas, une os espíritos para além de todas as diferenças, mesmo a que no tempo de Péricles era a maior de todas. É o que se vê no "Menon" de Platão, quando, para provar a sua teoria das ideias inatas, Sócrates apela à inteligência dum jovem escravo.

O "dogmatismo" que é característico da moralidade, como diz Kant, distingue-se da crença no "conhecimento conjectural" porque se inspira no mundo das certezas possíveis (o da matemática) para "decretar" o que é bom para a comunidade. E como o caso de Sólon o atesta, pode não partir dum primeiro acordo, mas ser antes uma espécie de "contrato de adesão".

terça-feira, 19 de junho de 2012

(José Ames)

OS GATOS

"Os Trácios são o povo mais poderoso do mundo, excepto, naturalmente, os indianos; e se tivessem um só chefe, ou se se pusessem de acordo entre eles, creio que não haveria quem se lhes comparasse, e eles de longe ultrapassariam todas as outras nações. Mas tal união é impossível para eles e não há meio de  a conseguirem. Nisso, pois, consiste a sua fraqueza."

("Histories", Herodotus)



A confirmar a crença de Heródoto, temos mais do que o ditado popular que reza que "união faz a força". Temos, nos tempos modernos, dois impressionantes exemplos, o da Alemanha e o da China.

Até Bismarck, a Alemanha dos principados (e tirando a Prússia),  não metia medo a ninguém e o povo era tão pacífico que se confundiam as suas ambições, apesar dos seus enormes artistas e filósofos, com as preferências da sua barriga. Esse povo timorato, acordado pelo trote da "História a cavalo", ou, mais prosaicamente, por Napoleão e as ideias da Revolução Francesa, ganhou todo um outro carácter com a unificação. Passou a ter de ser contido, tal era o seu apetite por "espaço vital" (lebensraum). Conhecem-se os enormes esforços das outras nações para o conseguirem. Consta até que teria sido essa espécie de policiamento o primeiro e secreto objectivo da União Europeia ( e  deve ser tomado como uma ironia da história que a "Europa", hoje, pouco mais seja do que isso, e ainda com um preço humilhante: o de que a Alemanha mande.)

O outro exemplo é o chinês. A ideologia marxista e a organização leninista deram a um povo, aparentemente passivo e há séculos à margem da evolução da humanidade, o "chefe" de que os Trácios de Heródoto precisavam.

A transição duma burocracia milenar como a dos mandarins para a era da revolução tecnológica encontrou aqui a sua formulação ideal. Temos agora, no antigo Império do Meio, uma burocracia "iluminada", já que se apoia na "verdade científica" do materialismo dialéctico, que, ao contrário da modorrenta elite do antigo regime, acredita na mudança "necessária" e que a esse princípio se adapta, indiferente à "cor dos gatos". O caso é que o capitalismo parece que "caça ratos", e a fórmula tem tido o êxito que se sabe.