terça-feira, 10 de abril de 2007

O OCIDENTE E A EVOLUÇÃO


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"Vemos por tudo isto que a emergência da sociedade de direito e de mercado diz respeito então, directa ou indirectamente, a toda a espécie humana. Tal como a invenção do olho exerceu uma "pressão de selecção" irresistível sobre o conjunto da evolução animal, a invenção do direito e do mercado pelo Ocidente exerce hoje uma pressão de selecção sobre o conjunto da evolução da espécie."

"O que é o Ocidente?" (Philippe Nemo)


Rejeitando qualquer ideia de "etnocentrismo" ou de "cultura da supremacia", Nemo, ao defender o papel revolucionário do capitalismo, face a todos os modos de produção anteriores e reconhecendo nele e na ideia do direito as causas de um movimento planetário que arrancou mesmo as sociedades mais recuadas da sua estagnação, não diz mais do que o próprio Marx disse.

O que ele acrescenta é que os males do sistema e as suas flagrantes injustiças representam também um incomparável avanço em relação à situação histórica anterior, nomeadamente, em termos de demografia:

"Por isso, devemos dizer, correndo o risco de chocar alguns, que os 5 mil milhões de homens que em acréscimo apareceram na Terra desde 1750 são os filhos e as filhas do capitalismo e, neste sentido, os filhos e as filhas do Ocidente."

E noutro passo:

"De facto, nunca se tinham visto tantos pobres nas cidades europeias, fenómeno que é evidenciado, no caso da França e da Inglaterra, quer pelos estudos do dr. Villermé e de Engels, quer pelos romances de Dickens. No entanto, não se tratava de pessoas empobrecidas depois de terem sido ricas. Eram pessoas que estavam vivas, mas que, anteriormente, teriam estado mortas, ou, com maior rigor, que não teriam nascido. A impressão de que nunca houvera tantos pobres era, portanto, exacta, mas era falso que isso fosse o resultado de uma crise da economia, pelo contrário, era o resultado dos seus progressos." (ibidem)

Concordando com tudo isto, perguntamo-nos, como se poderia "pensar" essa nova injustiça, mesmo que numa primeira fase fosse uma consequência do desenvolvimento, sem ser como um destino ou um fatalismo, o que acomodaria toda a gente a viver com ela e, talvez, a perpetuá-la?

A profecia de Marx foi, até se tornar a doutrina de um Estado, e na melhor tradição do humanismo cristão e da "responsabilidade sem causa" do judaísmo, a melhor resposta. Ao mesmo tempo garantia a insatisfação dos espíritos e propulsionava as reformas.

1 comentários:

Paulo S S C Castro disse...

Olá Editor, o seu artigo esta muito bem escrito, e sobre principalmente a Evolução Públiquei um artigo muito interessante no meu web Blog!!Quero te convidar para fazer uma visita. www.revistadoprotesetante.blogspot.com
Abraço