Hannah Arendt (1906/1975)
"Tomara, de certo modo, como um dado adquirido que todos nós julgamos, como Sócrates, que é melhor sofrer a injustiça do que praticá-la. Mas foi uma convicção que se revelou equivocada. Havia uma convicção generalizada segundo a qual é impossível resistir a qualquer espécie de tentação, e não se pode acreditar ou sequer esperar que algum de nós se mostre digno de confiança quando as coisas começam a correr mal, de tal maneira que ser-se tentado e ser-se forçado seriam quase a mesma coisa (...)"
"Responsabilidade e Juízo" (Hannah Arendt)
Quando esta é, de facto, uma convicção generalizada e espontânea, digamos assim, para a distinguir, por exemplo, de uma interiorização da censura ou de uma distorção do juízo provocada pelo medo da repressão em pessoas normalmente inteligentes, então a expressão adoptada por Hannah Arendt, a propósito do processo de Eichmann, de banalidade do mal, tem todo o sentido.
E não apenas aplicada ao caso daquele indivíduo que se considera uma peça da engrenagem e que tanto pode empenhar-se na produção de sabão para uso humano, como na utilização de humanos como matéria do sabão.
No seu relativismo "descomplexado", que é o paroxismo dos complexos, ninguém expressa melhor do que Oscar Wilde este momento da cultura, quando disse que era capaz de resistir a tudo... menos à tentação ("Lady Windermere's fan").
1 comentários:
ola
andava na net á procura de responsabilidade e juizo de arendt para uma tese de mestrado e eis que caio aqui no seu blog. muito bom
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