"O Homem Tranquilo" (1952-John Ford)
"Mesmo nas camadas mais baixas do povo (que do ponto de vista da grosseria se parece tantas vezes com a gente da alta roda), a mulher, mais sensível, mais fina, mais ociosa, tem a curiosidade de certas delicadezas, respeita certas belezas de sentimento e de arte que, mesmo não as compreendendo, ela coloca acima daquilo que, no entanto, parece mais desejável ao homem, o dinheiro, a situação."
"À l'ombre des jeunes filles en fleurs" (Marcel Proust)
Tirando a palavra ociosa, porque a mulher passou a competir com o sexo activo no seu próprio terreno e ajustando a alça para uma crescente penetração masculina no território da "delicadeza", esta análise conserva toda a sua justeza.
Para além do mais, todas estas "deslocações" são superficiais e não afectam a diferença profunda entre os sexos, em função da maternidade (como potência ou realidade).
E esse sentimento acima do "dinheiro ou da situação" está presente, por exemplo, em todos os filmes de Ford, em que é o feminino que civiliza esses heróis solitários, que amam a sela e o cavalo mais do que ousam confessar a si próprios.
0 comentários:
Enviar um comentário