Santa Maria in Trastevere (José Ames)
Nas mais belas e mais antigas igrejas de Roma encontramos os sinais da luta entre o velho e o novo, para usar uma expressão da dialéctica.
As colunas dos templos pagãos, na sua matéria venerável e na forma esplendorosa dos seus capitéis, que sustentam os templos da religião vencedora, parecem-me as estátuas dos escravos de Miguel Ângelo, cariátides duma raça de homens que durante um tempo dominaram o mundo.
Depois que em Roma, o Cristianismo se tornou a religião oficial, a piedade pelos vestígios do passado facilmente se confundia com a tolerância a favor do que passou a ser uma simples superstição.
Não era possível que os sinais de grandeza dos antigos deuses ficassem de pé diante duma nova crença que procurava afirmar-se.
As coisas são como são. Hoje podemos sonhar com o que seria a antiga capital do império se esses templos coexistissem lado a lado, apenas com a diferença da usura do tempo.
E essa utopia parece-se estranhamente com um religiosamente correcto que só existe em sociedades artificiais ou exangues.
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