"Então Diogeniano declarou que muitas vezes se admirava com a pobreza e simplicidade dos versos nos quais se exprimem os oráculos. "E, contudo, o deus é o chefe das Musas, e não devia importar-se menos com chamada elegância de expressão do que com a beleza do ritmo e musicalidade do canto, e com exceder em muito, na excelência da sua poesia, a Hesíodo e a Homero. Todavia, o que nós vemos é que a maior parte dos oráculos trasbordam de erros de métrica e de estilo, e estão repletos de banalidades.""
"Por Que Razão a Pítia Já Não Dá Oráculos em Verso" (Plutarco)
Plutarco (50/125 DC) escreveu estas linhas politicamente incorrectas, apesar de ter exercido as funções de sacerdote de Apolo em Delfos.
Deve ter sido uma decisão difícil de tomar pelos servidores do Oráculo essa da passagem do verso à prosa.
A poesia permitia a ambiguidade e uma certa obscuridade, deixando a interpretação ao gosto de cada um:
"De facto, não era um qualquer que ia lá consultar o Oráculo sobre a compra de um escravo, ou sobre a sua ocupação, mas sim cidadãos poderosos, reis e tiranos, cujos pensamentos nada tinham de moderado, que iam procurar o deus para regular o seu procedimento. Ora não era vantajoso para os que se encontravam no santuário contrariá-los e irritá-los com respostas alheias aos seus desígnios." (ibidem)
Sabemos, além disso, do risco que correu o astrólogo de Tibério, quando as suas profecias lhe desagradavam.
Por outro lado, a poesia deixa muito melhor transparecer uma origem não "inspirada" e a sua incompetência formal.
Nunca saberemos qual teria sido a influência das parábolas do Evangelho despidas da sua beleza formal, mas é muito provável que sem a admiração universal que as acompanha não tivessem sobrevivido às primeiras dentadas da razão crítica. E que deus escaparia ao ridículo de não se saber exprimir?
De prudência em prudência, o Oráculo de Delfos extinguiu-se na redundância da sua prosa.
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