domingo, 25 de março de 2007

A MULHER QUEGOSTAVA DE AJUDAR



Depois de ver a entrevista de Imelda Staunton, não encontro palavras para descrever a minha admiração pela metamorfose que representa a sua interpretação de "Vera Drake" de Mike Leigh (2004).

Esta mulherzinha da classe operária, nos anos 50, em Inglaterra, que distribui generosamente um carinhoso "dear", como no nosso país se usa dos diminutivos, até na conta dos restaurantes, é em tudo diferente da actriz desempoeirada e bem falante que nos explica o seu trabalho.

Vera ajudou ao longo de vinte anos muitas mulheres a abortar. Como uma missão e sem cobrar o quer que fosse.

Isso não impediu a Lei de a condenar a dois anos e meio de prisão, quando um dos casos corre mal. É óbvio que Vera não se considera culpada, mesmo se teve de dizer outra coisa ao juiz.

Apesar disso, escondeu a sua actividade da própria família, como se a solidariedade com o seu género fosse coisa íntima para que nem dos seus esperasse compreensão.

O espectáculo da felicidade desta família interrompido pela polícia que vem prender Vera é de um realismo impressionante.

No final, tem toda a lógica que a sociedade, hipocritamente, a condene.

Quanta a Vera, o que nos surpreende é donde lhe veio a força para prosseguir sozinha na sua prática clandestina, atraindo sobre aqueles que mais queria os raios da justiça terrena.

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