quarta-feira, 7 de março de 2007

A VOZ QUE CLAMAVA NO DESERTO


Jean Baudrillard (1929/2007)

Morreu Jean Baudrillard. Desde o "Sistema dos Objectos" que o sortilégio das suas profecias me tem acompanhado.

Mas o que ele diz do simulacro que já substituiu a realidade pode ser vivido?

A nossa razão revolta-se perante esta ficção teórica ao jeito de um John Carpenter. É como se, com esta leitura, dispuséssemos de óculos para ver que tudo está do avesso.

Mas é talvez fazer uma injustiça ao que, no seu excesso, nos aponta, apesar de tudo, uma tendência real.

Em "L'Échange symbolique et la Mort", pode ler-se "No quadro "neo-capitalista" (tecno- e semiocrático), esta forma sistematiza-se a expensas da referência "objectiva": significados e valores de uso desaparecem progressivamente em exclusivo proveito do funcionamento do código e do valor de troca."

Isto, escrito em 1976, antes da Internet e da realidade virtual, na sua abstracção, não deixa de ser o caminho de uma crítica ainda possível, depois da derrocada dos mundos "alternativos".

Mas é uma voz que clama no deserto.


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