Emil Cioran (1911/1995)
"No mito, a história dirige-se para o seu ponto de partida, para o passado. Nós, modernos, educados na ideia do progresso, só admitimos o movimento em direcção a um ponto ideal situado no futuro, enquanto que para o mito o devir não é significativo. O mito é uma forma de história para aqueles que sentem o passado como actual, de algum modo paralelo ao momento em que vivem."
"Solitude et destin" (Emil Cioran)
A palavra desmitificar tem um sentido impróprio. Dá ideia que nos livramos de um mito, a favor de outra coisa mais elevada, com outro grau de consciência. Que a idade dos mitos, na nossa era, foi definitivamente ultrapassada e que a tarefa actual é a de varrer os restos com a vassoura da ciência.
Na verdade, um mito é apenas substituído por outro (Popper), que responde melhor às questões que lhe colocamos.
Mas o ponto interessante é esta ideia de uma direcção para o passado, para a origem, quando a aparência é a de que nos dirigimos para o futuro.
De facto, o passado plasmado na linguagem não é tudo. Nós temos de avançar inteiros, e não só com a ponta do nariz tecnológica.
É por isso que, continuamente, temos que voltar à origem, tornando o passado não só real, mas actualizado.
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