Nicole Kidman em "Fur"
"Freaks was a thing I photographed a lot ... it had a terrific kind of excitement for me... Most people go through life dreading they'll have a traumatic experience. Freaks are born with their trauma. They've already passed it. They're aristocrats". Diane Arbus
Podemos ver o filme de Steven Shaiman (2006), "Fur, an imaginary portrait of Diane Arbus", como uma cura pela neurose, de alguém incapaz de viver com o seu passado familiar ( o pai era um rico comerciante de peles) e o seu prolongamento no casamento com um fotógrafo de moda, em que as zibelinas, as martas e as chinchilas eram outros tantos sinais da crueldade e da dominação parental.
Não admira que o objecto privilegiado da sua fotografia, quando se torna independente, seja o mundo dos "freaks", esses seres entre o humano e a monstruosidade física que, como disse, por terem já passado o seu trauma, são verdadeiros aristocratas, e que se tivesse apaixonado por Lionel, o homem-leão, que mora no andar de cima. É do alçapão que o marido de Diane verá descer toda uma procissão de criaturas do circo, espécie de duendes que, aos seus olhos, têm prisioneira a mulher amada.
Através do olhar de Diane (maravilhosa Nicole Kidman!), a humanidade dos "monstros" parece-nos mais requintada e triunfante da fealdade dos seus corpos torturados.
A tal ponto que "Freaks", o célebre filme de Tod Browning (1932), perante esta obra, passou de repente à pré-história.
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