terça-feira, 6 de março de 2007

CENTRIFUGAÇÃO REVOLUCIONÁRIA


Emmanuel Joseph Sieyès (1748/1836)

"Ninguém tinha opinião formada, ninguém tinha ideias claras. Este movimento popular (o de trazerem o rei de Versalhes para Paris) apanhava toda a gente desprevenida. Nem os espíritos mais claros o tinham adivinhado. Mirabeau nada previra, nem tão-pouco Sieyès. Este disse com pesar, ao receber a primeira notícia: "Não percebo nada, isso vai no sentido contrário."Penso que queria dizer "contrário à Revolução". Nesta época, Sieyès ainda era revolucionário, e talvez bastante favorável ao ramo de Orleães."

"História da Revolução Francesa" (Jules Michelet)


A "Revolução" era uma máquina sem maquinista, mas com várias mudanças.

À medida que desenvolvia a sua paranóica velocidade, a vertigem foi fazendo saltar, não só os que tinham tudo a perder, mas até os que desejariam a mudança sem o medo de viver.

Em vista disto, de ter atingido o próprio instinto de sobrevivência, não é certo dizer-se que a Revolução, à maneira duma centrifugadora separava as classes e "analisava" a estratificação social.

Nesta passagem de Michelet, podemos observar ainda o que me parece ser uma das primeiras vezes em que se usou o termo revolucionário no sentido moral. Sieyès, o grande tribuno do Terceiro Estado, ainda era revolucionário. Quer dizer, ainda estava com o Povo e a Revolução (apesar de, possivelmente, orleanista).

0 comentários: