"Caravaggio" (1985-Derek Jarman)
Derek Jarman deu-nos um pessoalíssimo "Caravaggio", que subordina a pintura à tragédia.
A faca com o nome gravado que acompanha o pintor pela vida fora é o símbolo desse primado da violência, responsável pelo curso sinuoso da sua vida.
Não é por acaso que os quadros, tão justamente famosos, que pontuam os episódios apareçam como simples pretexto para o drama que o sexual transfigura, nem que o espectador seja confrontado com uma paródia da perfeição do mestre nessa matéria pictórica decepcionante, feita de esboços e pinceladas rápidas, como se o reconhecimento fosse culpado de "voyeurisme". Este homem apaixonado parece, assim, um louco que se tomou por Caravaggio.
A ideia de Derek de que a experiência da filmagem e a transformação dos actores pelo acto de cinema é o critério mais importante retoma uma das mais lídimas tradições da criação artística, nos antípodas do cinema comercial, o que nem era preciso dizer, mas de qualquer produtividade exterior à arte.
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