Salazar (http://arte-de-opinar.blogspot.com)
Uma recente polémica na blogosfera a propósito de Salazar e o provável papel que terá jogado num concurso televisivo o que seria uma pretensa fuga de informação, vieram comprovar que, apesar de não ter sido o homem fero e cruel que foi, por exemplo, o Marquês de Pombal, é impossível manter a objectividade quanto à sua importância histórica, ao passo que ao outro se podem reconhecer, ao mesmo tempo, as virtudes e os defeitos, as qualidades de homem de estado e a pequenez dos seus ódios de estimação. É que é propriamente inconcebível, para uns a ideia de os seus defeitos poderem ser mitigados por qualquer virtude e para os outros a das suas virtudes serem ensombradas por algum defeito.
Tudo o que se omite, conscientemente, ou não, justificadamente ou não, não se livra de ser considerado um branqueamento, uma injustiça feita às vítimas do seu regime, ou, pelo contrário, o sintoma de uma vontade sectária de denegrir o homem.
Seria preciso alguém vindo de Sírius para fazer um balanço do seu legado que pudesse ser aceite por uns e outros.
Entretanto, é numa espécie de Limbo que se encontra a figura do ditador e o país não tem ainda lugar, em lado nenhum, para o seu cenotáfio. E tudo o que é possível são juízos provisórios e parciais, mas alguns dos quais com a possibilidade de parecerem justos dentro de 50 anos.
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