quinta-feira, 1 de março de 2007

O IRREALISMO DO CONCRETO


"As viagens de Gulliver" de Jonathan Swift

"Gulliver, na sua viagem a Balnibarbi, tinha descoberto junto dos professores do lugar uma teoria pedagógica duma perfeita pertinência: uma vez que as palavras só servem para designar as coisas, mais valia que cada homem transportasse consigo todas as coisas sobre as quais tinha intenção de falar."

"Si 7= 0, Quelles mathématiques pour l'école?" (Stella Baruk)


Como Swift refere, o inconveniente daquele método era o volume das coisas abundantes e variadas a debater, e que se tinha de carregar às costas.

Isso vem a talhe de foice por causa do preconceito, no ensino dos números, que estes se tornam concretos quando acompanhados das coisas que quantificam.

Se o horror à abstracção, que é, no entanto, a essência da matemática, a pensar na tenrura dos cérebros que chegam aos bancos da escola, já era assim no tempo de Swift, hoje nada se transmite sem a imagem correspondente, porque "vale mil discursos", como se diz.

O problema é que não se aprende assim uma língua e ainda menos a da matemática.

"Em psicologia, deu-se o nome de CONCRETUDE, substantivo feminino (1951, do inglês concreteness) à inaptidão mental para elaborar as ideias sem o recurso a ideias concretas." (ibidem)

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