Eurípides (485/406 AC)
"A raiz comum da eloquência grega e daquela dos heróis trágicos de Eurípides é a incessante transformação do antigo conceito de culpa e responsabilidade, que naquele período se operava sob o influxo da individualização crescente. O antigo conceito de culpa era totalmente objectivo. Sobre um homem podia cair uma maldição ou uma mancha, sem que em nada interviessem o seu conhecimento e a sua vontade. Era pela vontade de Deus que o demónio da maldição caía sobre ele. Isso não o livrava das infelizes consequências da sua acção."
"Paidéia" (Werner Jaeger)
Vê-se bem aqui que a liberdade está na origem de todo o desenvolvimento do espírito.
Enquanto o indivíduo foi incapaz de se separar da massa, e Deus era a explicação natural de tudo, como podia ser um espírito?
Houve certamente uma altura em que a verbosidade grega e o seu "alarde de advocacia" produziram um tal potencial linguístico que as perguntas nunca mais acabaram, já que a capacidade de se admirarem também não tinha limites.
Ora, só nos admiramos do que já não nos parece natural.
A liberdade é, assim, um efeito inesperado da linguagem.
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