quinta-feira, 15 de março de 2007

PENSAR A POESIA



"Platão desenvolve Homero como um objecto. Como é que a poesia tem este privilégio de fixar o pensamento, de o surpreender no seu movimento, de inteiramente o assegurar no contorno justo, não o posso realmente saber. A obscuridade justamente célebre de "La Jeune Parque" deve-se unicamente ao seu assunto, que é uma pura história da alma sem nenhum vislumbre de memória, um jogo de transformações estritamente ligado aos remoinhos do Universo."

Alain (Comentário sobre "Charmes", de Paul Valéry)


O preciso contorno do pensamento é esse o privilégio da poesia.

Não se pensa a partir do informe, da confusão, mas do que parece dito ou escrito para sempre, na sua impossível nitidez.

A filosofia grega nasceu, então, dos cantos da guerra de Tróia e do maravilhoso dos mitos capturados pela linguagem poética, a mais concisa e a mais eloquente.

Quando o poeta fala só da Natureza, o Homem que se encontra no âmago fala das entranhas como um oráculo: por enigmas.

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