Platão, segundo Rafael
"Os grandes físicos do Renascimento - Copérnico, Galileu, Kepler, Gilbert - que se viraram de Aristóteles para Platão, pretendiam com esse gesto substituir as substâncias ou potencialidades qualitativas de Aristóteles por um método geométrico para o estudo da cosmologia. Foi isso, na verdade, o que o Renascimento (na ciência) em ampla medida significou: um renascimento do método geométrico, que foi a base das obras de Euclides, Aristarco, Arquimedes, Copérnico, Kepler, Galileu, Descartes, e que se tornaria igualmente o alicerce das obras de Newton, Maxwell e Einstein."
"Conjecturas e Refutações" (Karl Popper)
Para Popper o grande feito filosófico de Platão foi o da geometrização do mundo.
Se pensarmos que a palavra platónico passou ao uso comum, geralmente aplicada ao amor, como designando um sentimento ideal e sem concretização física, não podemos deixar de encontrar aqui uma ironia da História.
A geometria são as ideias aplicadas à matéria e ao espaço, segundo Popper, como uma solução para a crise provocada pelos números irracionais no método aritmético dos pitagóricos.
E o elemento ideal no amor é também uma espécie de solução para a ambivalência de Eros. O tudo físico, se isso for possível na nossa espécie, contém a negação do amor (como se vê no imaginário associado ao acto de comer).
Por isso, todo o amor é, de algum modo, platónico, ou não é. E tal como no mundo da Física, porque o mundo é pensado ou não é.
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