quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

O PIEDOSO OLIMPO


"Júpiter atacando os gigantes"

"A fasta experiência de que as relíquias dos santos valiam mais do que o ouro ou as pedras preciosas incitou o clero a multiplicar os tesouros da Igreja. Sem muita atenção à verdade ou à probabilidade, os padres inventaram nomes para esqueletos e acções para nomes. A fama dos apóstolos e dos santos que tinham imitado as suas virtudes foi ensombrada por ficções religiosas. À invencível legião de mártires genuínos e primitivos, acrescentaram-se miríades de heróis imaginários, que jamais tinham existido, salvo na imaginação de alguns legendários artificiosos ou crédulos;"

"Declínio e Queda do Império Romano" (Edward Gibbon)


"(...) os templos do mundo romano já estavam todos destruídos cerca de sessenta anos após a conversão de Constantino."

Mas o paganismo, vencido de vez com a proibição oficial dos seus ritos, regressa disfarçado no culto duma corte de santos que ultrapassa em muito a do Júpiter romano.

Onde se refugiou então o espírito do cristianismo, no meio deste avanço da superstição e quando tantos pastores mistificavam as suas ovelhas?

O espírito foi, talvez, preservado nos símbolos. E a Igreja que, ao longo dos séculos, tantas vezes se confundiu com o mundo, é o museu desses símbolos.

Pergunto-me se os ritos pagãos, que por uma lei do imperador tão facilmente foram convertidos, podiam alguma vez ter sido o essencial da religião. E se o nosso mundo profano e individualista não é, por detrás dos seus inúmeros cultos a tudo e a nada, afinal, supersticioso.

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