Platão
"É necessário recordar que esta cidade é uma ficção, um puro símbolo que representa a alma. Platão di-lo: "É no céu talvez que existe um modelo desta cidade para todo aquele que o quiser ver e, vendo-o, fundar a cidade do seu próprio eu." ("A República")
As diferentes categorias de cidadãos representam as diferentes partes da alma."
"A Fonte Grega" (Simone Weil)
Como nos temos de governar a nós próprios, segundo alguma espécie de justiça e para o bem da nossa alma, Platão torneia a dificuldade de cada um ser a regra de si mesmo, tomando a cidade (como a mesma questão em ponto grande, a fim de ser mais perceptível) como modelo, já que também carece de um governo e duma ideia do bem comum que oriente a vida política.
Aqui, com outro alcance que em Menenius Agripa (494 AC) que identificava as classes sociais com os diferentes órgãos do corpo para justificar uma imprescindível solidariedade, é a ideia de que a orientação para o bem é tão necessária à alma como à cidade e que, no fundo, há uma só justiça: a ideal.
Mas o ponto está nesta expressão: "para aquele que o quiser ver", que deixa claro que não há justiça nem ideal sem empenhamento da vontade.
O uníssono orgânico de Agripa não é nada ainda sem o motivo e a orientação.
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