Revi, num destes dias, um grande filme de Minnelli: "The bad and the beautiful" (1952).
Parece que a figura de Jonathan Shields (Kirk Douglas) se inspirou no produtor David Selznic.
Este homem tinha um grande mérito: era capaz de despertar o entusiasmo nos que com ele trabalhavam, mas no caso das outras três personagens principais, à custa do que parecia uma traição.
A actriz destroçada (Lana Turner) é levada a acreditar num amor que a deixa sozinha, logo que pode caminhar pelo seu pé, o aspirante a realizador (Barry Sullivan) empenha-se no projecto da sua vida, para ver esse papel entregue a outro, mais experiente, e o argumentista que não consegue trabalhar (Dick Powel) por causa duma mulher frívola, vê-se enfim isolado para escrever, mas para sempre separado do amor.
Toda esta decepção e todo este sacrifício pessoal são o motivo do ódio aparente do trio por Shields, a quem devem, contudo, a presente glória.
O filme acaba com estas três cabeças, que acabam de recusar um convite do seu produtor, juntando-se à volta do telefone para ouvirem os pormenores que Shields explica ao anfitrião.
O que me agrada neste filme, é a verdade duma inextricável confusão dos motivos egoístas e dos grandes princípios que se pode verificar em todo este mundo ressentido.
Jonathan Shields cortava a direito, sem contemplações pelos "estados de alma" da sua equipa. Como é proverbial, o melhor amigo é quase sempre o mais severo para com as nossas fraquezas.
Apesar de tudo, o título justifica-se. Não se trata de maldade, mas de... estética.
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