sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

AUTOMATISMOS



Hannah Arendt diz que pode conceber-se a ideia de que os processos automáticos que constituem a vida normal da sociedade, mesmo quando são tendencialmente auto-destrutivos, só serão interrompidos através da violência. Daí a guerra e as revoluções.

E o filósofo contrapõe a essa irrupção incontrolada da força a acção consciente que também poderá levar-nos a mudar de rumo.

Ao ver aquelas salas de espera da consulta de oftalmologia do hospital de S. João, onde dezenas e dezenas de pessoas se amontoam, grande parte sem lugar sequer para se sentar, sem saberem o número de ordem, nem quanto tempo terão de esperar pela via sacra dos exames e da dilatação da pupila, não posso deixar de ver aqui em pleno desenvolvimento um daqueles processos automáticos.

Os profissionais farão, sem dúvida o melhor que podem e, perante a avalanche humana, a desorganização e a falta de meios, procurarão antes de tudo não ficar esmagados.

Mas seguir o exemplo das lojas do cidadão não parece custar tanto como isso.

Será que alguém pensa que isto é um assunto da responsabilidade do ministro?

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