"O sargento negro" (1960-John Ford)
Não sei que mais admirar neste outro filme de Ford. Se a cena com as mulheres dos oficiais no tribunal e o racismo pudico de Mrs. Cordelia Fosgate, se as facécias entre os devotos de Baco que não ousam dizer o nome do santo. A galeria fordiana de caracteres, cada um mais pitoresco do que o outro, chegava para levar o mestre ao Panteão.
Mas há ainda um lirismo arrebatador, como o do episódio nocturno na estação do deserto, em que correndo para o comboio, todos abandonam a jovem regressada ao Arizona. E que símbolo esse da poeira cobrindo a papoila do vestido!
Como sempre, em Ford, não há aqui nada de rebuscado. Mesmo o perfil de Rutledge contra o céu, em "contre-plongée", é uma escultura das palavras cantadas pelos soldados.
O primeiro "flashback" é muito sugestivo. A sala do tribunal escurece, ficam apenas as silhuetas do júri e da testemunha e daí passamos para a noite do deserto. Quantas vezes não terá sido isto imitado?
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