quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

ADORADA OPINIÃO


Mecenas

"Mecenas, descendente duma raça de reis, ó meu apoio e minha doce glória, (...) Se tu me pões ao nível dos poetas líricos, eu baterei, com uma fronte orgulhosa, os astros."

Horácio ("Odes")


Um grande poeta podia, sem se rebaixar aos próprios olhos, adular com este exagero o epónimo dos mecenas.

Quando o imperador era divinizado - e quantos, depois de Augusto, não perderam a distância irónica dos títulos que lhes conservava um resto de razão? - , todos os que faziam parte do seu círculo mais íntimo, como o meio em que a imagem da vara mergulhada parece já não ser direita, provocavam uma comparável distorção do pensamento e da linguagem.

O tempo e os costumes justificam quase tudo.

Quando, sem nos darmos conta, nos rendemos a uma opinião pública que é tão pública quanto os meios de comunicação e o poder que deles se apropria e infesta, não é isto também adulação?

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