quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

A GALANTERIA



"Ele havia-se desculpado com o seu medo de novas amizades, do que ele chamara, por galanteria, o seu medo de ser infeliz."

"Du côté de chez Swann" (Marcel Proust)


Swann resiste a deixar-se envolver com uma mulher que "não é o seu tipo", mas por quem vai enamorar-se, por efeito daquele mecanismo, superiormente analisado pelo romancista.

"Mas, na idade já um pouco desiludida de que se avizinhava Swann, e em que nos basta estar enamorados só pelo prazer disso, sem exigir de mais reciprocidade, esta aproximação dos corações, se não é como na primeira juventude o fim para o qual tende necessariamente o amor, permanece-lhe unido em contrapartida por uma associação de ideias tão forte que pode tornar-se a sua causa, se se apresenta antes dele. Outrora sonhávamos possuir o coração da mulher de que estávamos apaixonados; mais tarde, sentir que possuímos o coração duma mulher pode bastar para nos apaixonarmos."

"Par galanterie". Nenhuma outra língua consideraria, com tanta finura e propriedade, o pudor, a sensibilidade ou a simples lisonja, como sujeitos a um regime especial de significado só pelo facto das palavras se dirigirem ao outro sexo.

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