quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

ILUSÕES ANTROPOMÓRFICAS


Nicolau Copérnico (1473/1543)


"Eu quero ensinar a passar de uma falta de sentido não-evidente para uma evidente falta de sentido."

"Investigações Filosóficas" (Ludwig Wittgenstein)


Verifico que algumas pessoas com pergaminhos de racionalistas e crendo-se já libertadas da superstição e do problema de Deus, ficaram estacionadas na plataforma de Copérnico.

Dão como adquirido que já não somos o centro do universo, visto que nem o somos do sistema solar, mas não tiram todas as consequências desse facto no que respeita ao sentimento de que somos, apesar de tudo, a "consciência do universo".

Mas não é só a probabilidade que está contra a noção dum píncaro isolado da evolução natural. Outros mundos e outros seres inteligentes poderão, decerto, existir. Mais importante do que isso, porém, é que tendo a Humanidade de abdicar da esperança de alguma vez explorar o universo, na sua infinidade, não poderá também provar que está só.

E essa solidão era a coisa mais parecida com uma história sagrada da Humanidade. A probabilidade de estarmos acompanhados despromove-nos dessa mitologia e remete-nos para a insignificância do acaso.

Por isso essa crença na Humanidade vale tanto como a crença em Deus, e é a última ilusão do antropormorfismo.

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