Bertrand Russell (1872/1970)
"A crença na superioridade "espiritual" da mulher era parte integrante da determinação de conservá-la, tanto económica como politicamente, inferior. Quando os homens levaram a pior nessa batalha, tiveram de respeitar a mulher, e, assim, deixaram de oferecer-lhe a "reverencia" como um consolo pela sua inferioridade."
"Ensaios Impopulares" (Bertrand Russell)
Esta ilusão, de antes da mulher ter adquirido o direito de voto, faz parte da crença, sem qualquer base racional, segundo Russell, de que "certas partes da raça humana são melhores ou piores, moralmente, do que outras."
Desde os "homens puros de antanho" de Lao-Tse (referindo-se ao período anterior a Confúncio), aos pobres do Romantismo e aos Gregos quando estavam sob o domínio turco, ou aos Irlandeses, "possuidores de um encanto especial e de penetração mística, até 1921" e às crianças, que passaram de teologicamente más entre os evangélicos a inocentes, ou ao proletariado do século XIX, que essa ilusão tem variado na forma, mas persistido na sua essência.
A leitura cínica que faz o filósofo inglês, segundo a qual a idealização da vítima existe porque é útil para o opressor, não deixa espaço algum para o sentimento de injustiça e para os instintos sociais.
Mas sem eles não se compreenderia o sacrifício de muitos daqueles que lutaram contra tal opressão.
Que a idealização, mesmo para esses, fosse uma "arma" não se poderá negar.
E a razão da falência das grandes causas libertadoras talvez esteja um pouco no trabalho de sapa de algumas teorias como a psicanálise (Russell esperava ainda um Freud para mito do proletariado) que ao descrever o Inconsciente como um palco de forças instintuais, com especial relevo para a sexualidade, derrotou todas as tentativas de encontrar no homem um fundo bom ou mau.
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