quarta-feira, 12 de março de 2008

O QUEBRAR DOS SELOS


Cresus e Sólon


"Com efeito, na minha próxima obra a aparecer ("Truth - A Guide for the Perplexed"), tento mostrar até que ponto os ataques modernos e pós-modernos ao conceito de verdade são mal inspirados. É por isso que desconfio sempre quando os autores declaram ter escapado a problemas mais antigos. Nisso, sou relativamente conservador, mesmo se espero não o ser em sentido nenhum."

(Simon Blackburn em entrevista ao "Le Nouvel Observateur")


Se os "problemas mais antigos" são recorrentes, o que explica a permanente actualidade de homens que pensaram na Atenas do século IV a.c. e a influência de ideias milenares contidas nos mitos e nas religiões, é talvez porque a verdade não se pode alcançar, sem com isso ser um simples fantasma ou uma superstição.

Esta característica parece dar razão aos relativistas, para quem a verdade é só a convicção de cada um. E também não me parece que ela se possa confundir com qualquer espécie de consenso universal.

Poder-se-á dizer, porventura, que a verdade é algo como alguns mitos a definem: o quebrar dos selos e a súbita iluminação. Coisa, de qualquer modo, para o "fim dos tempos".

Porque se aceitarmos o aforismo de Sólon que dizia que um homem só se conhece no fim da vida, por que deveria ser diferente para a Humanidade?

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