"Estes diferentes factores explicam para Kakar certos traços marcantes do psiquismo indiano, O "eu" não seria constituído de um modo tão separado, tão autónomo como o dos Ocidentais, mais precocemente desligados da sua mãe, mais depressa confrontados com os seus limites e com a sua ausência. O "superego" indiano não seria também tão severo, nem sobretudo tão interiorizado: o grupo asseguraria um controlo exterior, através da presença constante da família alargada, onde várias gerações vivem juntas, depois da jâti, a casta, com as suas ramificações complexas."
"Sudhir Kakar, Le Psychanalyste des Civilisations" par Roger-Pol Droit
Laços mais fortes com a mãe, "a relacionar com o moksha, o ideal da fusão com o cosmos" e um papel mais apagado do pai, nem modelo, nem guia. "Ele é mais um espectador do que um aliado." Esta seria uma leitura psicanalítica da Índia tradicional, os valores do Ocidente tendo grandemente modificado este cenário.
Como se vê, a psicanálise pode ainda ser útil nesta interpretação duma cultura dos antípodas. E sendo uma abordagem não sociológica da família, permite-nos pensar o que poderia ser uma físico-química do social.
A religião alia-se aqui à sexualidade para nos dar a estática do que seria próprio do Oriente.
E é claro que é menos pela influência directa das ideias do que pelos novos hábitos de consumo, na esteira da transformação económica, que entra o "Cavalo de Tróia" duma dinâmica ocidentalizante.
0 comentários:
Enviar um comentário