"Um homem tão erudito como Plutarco sentia-se orgulhoso por figurar entre o reduzido número de conhecedores das Leis; e na época bizantina a transmissão da obra esteve por um fio, como o revela o facto de provirem de um único exemplar todos os manuscritos que nos chegaram."
"Paideia" (Werner Jaeger)
A Providência que salvou o único manuscrito das "Leis" de Platão não existe. Toda a Grécia Antiga podia ser desconhecida, senão através da admiração dos seus conquistadores, da luz do seu satélite romano. A mediação dos letrados árabes não foi um milagre.
Foi então um acaso? Um acaso como o que, na escala da evolução, nos fez subir de degrau e assumir a postura erecta e todas as outras decisivas mudanças.
Que entre as infinitas tentativas de "unir as duas pontas da meada" o nosso antepassado encontrasse a resposta certa, transforma o acaso na verificação duma forte probabilidade.
Não podemos sequer imaginar esse infinito de experiências, a grande maioria fracassadas. Como não podemos imaginar uma sociedade humana a fazer-se dum dia para o outro.
Mas, enfim, aonde é que quero chegar?
A isto: que a teoria de que a natureza chega aos seus fins através da infinidade dos seus "processos" vale tanto como a ideia da Providência.
Não podemos saltar por cima do sentido que as coisas têm de ter para nós.
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