sábado, 8 de março de 2008

OS ÓCULOS DA RAZÃO


"Eye" (M.C. Escher)

"É portanto evidente que Trasímaco e qualquer outro que queira seriamente ensinar a arte oratória deverá primeiro descrever a alma com toda a exactidão possível e mostrar se, pela sua natureza, ela é una e idêntica, ou múltipla como o corpo; porque isso é o que nós chamamos mostrar a natureza das coisas."

"Phèdre" (Platão)


A exactidão possível quanto à natureza do uno e do múltiplo não é, evidentemente, uma exactidão em termos de medida, mas de conceito.

Toda a filosofia idealista nasce desta distinção que separa o conteúdo, a infinidade dos objectos, do continente, uno e indivisível, que é o sujeito.

O ideal da paideia está aqui explícito: mostrar como a ordem das coisas se perfila no espaço visual. A preponderância da visão ditou o futuro da geometria e do racionalismo.

Quando, por exemplo, José Gil nos fala no pensamento do corpo e nas pequenas percepções, compreendemos quanto a separação da natureza dependeu do predomínio do olho sobre todos os outros órgãos.

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