terça-feira, 4 de março de 2008

A FADIGA


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""Não, respondeu-me Swann, estou muito fatigado para caminhar, sentemo-nos antes num canto, já não posso comigo de pé." Era verdade e, no entanto, começar a conversar já lhe tinha emprestado uma certa vivacidade. É que na mais real das fadigas existe, sobretudo nas pessoas nervosas, uma parte que depende da atenção e que só se conserva pela memória. Fica-se subitamente cansado, logo que tememos ficá-lo, e para nos recompormos da fadiga basta esquecê-la."

"Sodome et Gomorrhe" (Marcel Proust)


Proust sabia do que falava, sendo nervoso até à morbidez.

Nestes dias em que tanto se tem falado no efeito de placebo, a propósito da inutilidade, na maioria dos casos, dos anti-depressivos, apetece comparar o nosso cérebro a um monarca absoluto com uma certa fraqueza pela comédia, a qual confunde muitas vezes com a vida.

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