segunda-feira, 3 de março de 2008

A VIA PINEAL


Epífise (glândula pineal)


"Por que, ao mesmo tempo que a ciência do psiquismo, se desenvolve a psicologia, não há uma ciência correspondente do corpo, uma somatologia? A resposta impõe-se por si mesma: não existe uma somatologia porque é praticamente impossível tomar como objecto a totalidade dos fenómenos psíquicos."

José Gil (citado por Eduardo Lourenço em "José Gil, o filósofo da carne")


A famosa ligação do corpo e da alma continua no cerne da filosofia actual.

A glândula pineal de Descartes, que nos parece hoje uma solução ingénua para resolver o problema de localizar no cérebro uma espécie de comutador entre a res extensa e a res cogitans, foi a primeira tentativa materialista de prescindir da explicação pelo Gênesis.

E todos os esforços da ciência, apoiados na mais moderna tecnologia, continuam no caminho aberto por Descartes.

Mas José Gil põe justamente o dedo na ferida: será possível que o nosso corpo não pense? Que não esteja, duma maneira ou doutra, presente, não só na "côr" dos nossos pensamentos, mas na sua própria estrutura gramatical?

E, sendo assim, como separar o corpo da alma?

Na verdade, nem a psicologia pode ser a ciência do psiquismo sem misturar as águas.

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