Youri Gagarine (1934/1968)
"O essencial hoje, para Peter Sloterdijk, é respeitar o princípio desses marinheiros portugueses que, como escreveu em "Tournant et Révolution" (in "L'Heure du crime et le temps de l'oeuvre d'art" - Calmann-Lévy), partiram para a conquista de novos mundos pensando que os ventos dominantes não lhes deixavam qualquer esperança de regresso. "A ideia deles de se entranharem no alto mar até ao ponto em que, depois de manterem obstinadamente a direcção oeste, o alíseo do nordeste, a uma distância vertiginosa, os empurraria para as zonas do vento de oeste, nas quais encontrariam o vento de regresso." Dirigir-se para o desconhecido e esperar que o vento vos traga de volta: um belo projecto para a filosofia do século XXI."
"Peter Sloterdijk, le Philosophe-Artiste" (Olivier Mannoni)
É bom que haja quem faça uma tão grande ideia do que já fomos.
Partir sem esperança de regresso é quase sobre-humano. E certamente não foi nesse estado de espírito que os navegadores do século XX, os Gagarine e os Armstrong, descolaram em direcção ao espaço.
Mas talvez que a razão do século XV não pudesse medir-se com a fé religiosa, e um homem não tivesse de perder a esperança só porque a razão não lhe oferecia nenhuma saída.
De qualquer modo, é óbvio que essa razão não tinha todos os elementos para julgar dos verdadeiros riscos.
Seremos hoje mais sábios ou mais prudentes?
Ou o sistema de segurança que representava para os nossos marinheiros a Providência divina apenas foi substituído por outro não menos falível?
0 comentários:
Enviar um comentário