domingo, 23 de março de 2008

O ESPAÇO DA RAZÃO


Cosmographia (1507, Martin Waldseemüller)


"Mundialização e universalidade não caminham a par, melhor diríamos que uma exclui a outra. A mundialização tem a ver com as técnicas, o mercado, o turismo, a informação. A universalidade tem a ver com os valores, os direitos do homem, as liberdades, a cultura, a democracia. A mundialização parece irreversível, dir-se-ia que o universal está em vias de extinção; pelo menos no sentido em que se constituiu como sistema de valores à escala da modernidade ocidental, sem equivalente em qualquer outra cultura. Mesmo uma cultura viva e contemporânea como a japonesa não possui nenhum termo para o designar."

"O Paroxista Indiferente" (Jean Baudrillard)


Culturas fechadas, insulares, que desconhecessem o próprio conceito de universal teriam, com a mundialização, de importar "sequências de código" da razão universal, desenvolvida pelas culturas abertas.

Mas se uma cultura tradicional e centrada em si mesma durante séculos, como a chinesa, pôde adoptar a filosofia alemã para levar a cabo a sua Revolução, não se vislumbram, em princípio, quaisquer limites à influência da cultura ocidental, a única a forjar os conceitos com o suficiente grau de abstracção e de generalidade.

Se do Oriente tudo veio, como dizia Pessoa, este é o regresso do pêndulo.

Ao Oriente donde vem tudo, o dia e a fé,
Ao Oriente pomposo e fanático e quente,
Ao Oriente excessivo que eu nunca verei,
Ao Oriente budista, bramânico, sintoísta,
Ao Oriente que tudo o que nós não temos,
Que tudo o que nós não somos (...)

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