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"Tal como o espírito, o coração forja utopias: e de todas a mais estranha é a de um universo natal, onde repousamos de nós mesmos, um universo - travesseiro cósmico de todas as nossas fadigas."
"Précis de Décomposition" (E.M. Cioran)
Cioran diz também que tudo o que não aceita a existência como tal confina à teologia, teologia sentimental "onde o Absoluto se constrói com os elementos do desejo, onde Deus é o Indeterminado elaborado pelo langor."
Mas de onde poderia vir a ideia de um universo não natal?
Podemos contestar a identificação da terra com a mãe nutridora, que nos recebe no abraço final, quanto mais não seja porque alguns usos funerários nos fazem pensar antes num abraço do ar e do fogo, mas teríamos nascido da língua, a verdadeira pátria, como diz o poeta?
Que universo é esse que não é a Ítaca para além de Ítaca? O Mediterrâneo da existência não é a prova duma travessia?
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