terça-feira, 5 de junho de 2007

A MALDADE DO ZÉ-NINGUÉM


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"Porque era simplesmente verdade que os réus, como o tribunal disse no caso do kapo Bednarek, "não mataram pessoas obedecendo a ordens, mas agiram contra uma ordem que estabelecia que nenhum prisioneiro do campo poderia ser morto" - excepto, evidentemente, nas câmaras de gás. E não é menos certo que a maior parte dos actos apreciados pelo tribunal de Francoforte poderiam ter sido condenados por um tribunal nazi ou das SS, embora tal não tenha acontecido muitas vezes."

"Responsabilidade e Juízo" (Hannah Arendt)


"Mais papistas do que o papa" esses Zés-ninguém entre os guardas dos campos de concentração?

A verdade é que em vez de se cingirem simplesmente à ordem burocrática (que foi o álibi de tantos), conforme, aliás, o estereótipo da disciplina alemã, eles "inventaram" maneiras de torturar e de humilhar por sua própria conta.

"Ninguém lhes ordenara que convertessem a selecção dos prisioneiros nas plataformas dos cais numa espécie de "pequena festa de família", ao regressar da qual, cada um se gabava de ter "conseguido apanhar isto ou aquilo aos recém-chegados", tal como a seguir a uma caçada, um caçador fala das suas presas." (ibidem)

Esta criatividade no mal é o mais impressionante sintoma de como o colectivo, sujeito a um sistema auto-destrutivo, pode transformar as pessoas ou, segundo a tese de Hannah Arendt, encontrá-las completamente desarmadas de espírito crítico e de consciência moral, por falta de hábitos de pensamento e de convivência consigo mesmas.

1 comentários:

Unknown disse...

Zé Ninguem não tem maldade!