segunda-feira, 25 de junho de 2007

O NICHO HIPNÓTICO


O Clube dos Jacobinos



"Laclos e Prudhomme asseguram, nos seus jornais de Julho, que as secções, as assembleias primárias, estavam desertas. Muitos homens, evidentemente, estavam já cansados da vida pública. Em compensação, há que acrescentar que os que perseveravam tornavam-se mais violentos. Se as assembleias legais eram pouco frequentadas, é porque a vida e o ardor se encontravam nas sociedades jacobinas."

"História da Revolução Francesa" (Jules Michelet)



Estávamos em 91, dois anos apenas depois da tomada da Bastilha. A Constituinte sobrevive a si mesma, cada vez mais virada para o passado, para a monarquia. Mas não esqueçamos que todos, até certa altura, eram monárquicos, incluindo os jacobinos.

"A Assembleia tinha retirado a acção ao rei, e não a dera ao povo. Faltava o princípio do movimento em toda esta vasta máquina: a agitação estava em toda a parte, a acção em parte nenhuma."

Há uma apreciação fisiológica dos acontecimentos que é inteiramente justa. O entusiasmo não pode manter-se por muito tempo, qualquer que seja o ideal. A "vasta máquina" tem de voltar a apoiar-se no seu soco natural. Depois do impulso para diante, a pausa ou a paragem.

Apenas alguns aguentam o estado de febre permanente. E então precisam de um nicho hipnótico que os isole da vaga que se retira e concentra na grande massa estabilizada.

A violência é a coisa mais natural nesse ar rarefeito, porque os moderados e os indiferentes deixaram de exercer a sua calmante influência.

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