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"Segundo a concepção absolutamente médica que Platão tem da arte política, a justiça penal, que obriga o delinquente a prestar contas, teria para com a legislação as mesmas relações que a terapêutica do homem enfermo tem para a dieta do homem são. A pena, ao contrário do que pretendia a antiga concepção jurídica dos Gregos, não é expiação, mas curativo. O único mal verdadeiro é a injustiça. Este mal, porém, só afecta a alma de quem o comete, não de quem o padece."
"Paidéia" (Werner Jaeger)
Segundo Comte, a primeira idade da razão foi teológica. O que acontecia ao corpo e o fazia padecer era muito mais depressa atribuído aos deuses do que à dieta ou ao regime de vida.
O melhor remédio era, pois, aplacar os deuses e atrair o seu favor.
Mas, com isto, a cultura mágica era o verdadeiro ser do indivíduo, que não conhecia ainda o dualismo do corpo e da alma.
Em Platão existe, talvez, um eco dessa harmonia primitiva. A própria ideia da justiça provirá do corpo harmonioso, em sua casa na cultura e na natureza.
E, como Jaeger assinala noutra passagem, este modelo está na origem da primeira cosmologia.
Compreende-se, assim, a referência a uma concepção médica.
E não é toda a política a procura de um equilíbrio? Sempre haverá instabilidade e forças contrárias a reclamar a cura pela justiça.
No símbolo da balança está bem patente a ideia do equilíbrio.
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