O Simpósio dos deuses
"- No entanto, digo eu, toda a gente reconhece que é um grande deus.
- Quando dizes toda a gente, é dos ignorantes, disse ela, que tu estás a falar, ou dos sábios também?
- De todos.
- Mas como, Sócrates, volveu ela rindo, seria ele reconhecido como um grande deus por aqueles que nem sequer o consideram um deus?"
"O Banquete" (Platão)
Sócrates aprendia com Diotima de Mantineia a teoria sobre o amor.
Eros não podia ser um deus se é filho da Penúria e, pelo lado da mãe, carente de tudo o que é necessário à sua felicidade.
Mas imaginamos hoje alguém a utilizar o argumento da ignorância do grande número, mesmo numa matéria tão controversa quanto o amor?
Em primeiro lugar, acredita-se, na esteira de Rousseau, que o grande número goza de uma espécie de infalibilidade, pela compensação dos juízos erróneos e dos verdadeiros entre os indivíduos. De resto, como poderia a democracia assentar numa vontade que não se conhecesse a si própria nem fosse a expressão de um instinto colectivo em relação à sua verdade profunda?
Depois, e como é necessário também em democracia, o único saber é o especializado ( nessa medida, sendo um esoterismo consentido), quanto ao que outrora se chamava de filosofia todos julgam saber o que se pode saber.
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