"A inteligência humana - mesmo entre os mais inteligentes - está miseravelmente abaixo dos grandes problemas da vida pública. No entanto, põe-se todo o engenho em suscitar artificialmente situações que só podem obscurecê-la. Ter de se perguntar, diante de um qualquer problema político: "Qual é a solução mais conforme à razão, à justiça, ao bem público", isso exige toda a atenção de que um espírito humano é capaz e muito mais.
Se além disso um homem tem de se perguntar: "Qual é a obrigação que me impõe, relativamente à atitude a tomar, em face deste problema, a minha qualidade de representante da maioria (ou da oposição)", ele está perdido. Pela natureza das coisas, um mesmo espírito não pode ao mesmo tempo colocar-se verdadeiramente as duas questões. Se ele se coloca a segunda, não se colocará mais do que a segunda."
"Écrits de Londres" (Simone Weil)
Cortante, definitivo, mas luminoso.
Não sei se este rigor intelectual é compatível com a política que é, propriamente, uma arte que não pode evitar de todo os compromissos.
Por outro lado, só se pode estar de acordo quanto ao efeito dos compromissos e da influência colectiva sobre a inteligência e a capacidade de dizermos a verdade a nós próprios.
E não se pode perder de vista esta espécie de cartesianismo ético, mesmo se a política o nega a toda a hora.
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