"Cristo no Limbo" (Albrecht Dürer)
"O automóvel conduz ao pecado quando se faz uma ultrapassagem perigosa ou quando é usado por prostitutas e pelos seus clientes."
(do "Público" de 21/6/2007)
O Vaticano com esta pastoral parece querer dar um sinal de que a Igreja se procura adequar, finalmente, ao mundo moderno.
É verdade que o automóvel já tem um século mas, de facto, trata-se de uma das "próteses" humanas que mais se prestam a ser ocasião de injustiça. E a velocidade pode ser, sem dúvida, "uma expressão do poder e da dominação".
O que há de surpreendente nestas "Orientações para o Cuidado Pastoral na Estrada" é o seu carácter avulso e aparentemente arbitrário.
Porque, enfim, o progresso tecnológico coloca novos problemas éticos e a tecnologia que influencia mais directamente a maneira de pensar, como os meios de comunicação de massa, pareceria à primeira vista carecer especialmente de "cuidados pastorais".
Além disso, ao abordar a problemática do poder e da dominação, a Igreja encontra, por definição, o seu princípio inimigo, princípio que séculos de pragmatismo e de diplomacia encerraram numa espécie de limbo.
E esta coincidência da eleição do automóvel entre todas as ocasiões de pecado com a extinção oficial do Limbo dá efectivamente muito que pensar.
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