sexta-feira, 22 de junho de 2007

UM VELHO AMIGO


Marcel Proust (1871/1922)

Marcel, encontrando o embaixador em casa de Mme. de Villeparisis, percebe muita coisa e exclui que esses amores pudessem estar na origem da desclassificação da Marquesa: "num mundo em que as mulheres mais brilhantes ostentavam amantes menos respeitáveis do que este que, aliás, não seria provavelmente desde havia muito tempo para a Marquesa outra coisa para além de um velho amigo."

"Le côté de Guermantes" (Marcel Proust)


Com esta insinuação, que se refere à idade relativamente avançada dos protagonistas, o narrador transforma o amor em algo que ficou pelo caminho, chegando M. Norpois e Mme. de Villeparisis ao ponto em que se encontram quase todos os casais que descobrem na amizade o prolongamento natural da paixão e do amor.

Mas Proust utiliza um advérbio (aliás) cheio de significado e que representa aqui a opinião da "boa sociedade".

Como amantes, podiam afastar do salão da Marquesa as pessoas que mais desejariam atrair, mas eles já não o eram.

O tempo trouxera com ele a amnistia. E a idade, o branqueamento em mais de um sentido.

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